Ana Paula Lima – Jornal de Notícias
O café está mais caro 0,15 cêntimos e a gasolina custa mais 0,65 cêntimos do que há dez anos, quando o euro entrou em circulação. Nesta década, o preço da carne de vaca caiu e o dos transportes públicos e dos carros aumentou consideravelmente.
Foi no primeiro ano de euro que mais se sentiram os efeitos da mudança de moeda. Os preços foram actualizados à taxa de câmbio que definiu que um euro equivale a 200,482 escudos. E foi assim que em Portugal o preço de um café, de 2001 para 2002, passou de 50 escudos para cerca de 50 cêntimos de euro e levou muitos portugueses a pensar que estavam a pagar o mesmo, quando na verdade estavam a pagar o dobro (qualquer coisa como 100 escudos). Dez anos depois, um café custa, em média, 0,60 cêntimos e continua a ter um preço mais baixo em relação ao cobrado em Espanha e França.
O exemplo do café aplica-se a produtos alimentares como os ovos, bananas ou leite, que, estando mais caros do que há dez anos, têm preços mais reduzidos do que outros países da moeda única.
Confusão inicial
No início "houve um ajustamento que provocou um aumento dos preços", explica o presidente da Confederação de Comércio e Serviços de Portugal (CCP). João Vieira Lopes diz que neste período "existiu bastante confusão. As pessoas compravam sem ter noção do que é que estavam a pagar. Pouco a pouco começaram a perceber que 1,50 euros, que parece pouco dinheiro, são 300 escudos".
Os preços acentuaram-se, sobretudo, nos transportes públicos, automóveis e combustíveis. Portugal, face a França e Espanha, tem preços mais elevados em todos estes casos. No sector automóvel, adianta o secretário-geral da associação do sector, ACAP, "os preços variam porque são livres, e Portugal tem uma carga fiscal mais elevada que os outros países da Europa". Hélder Pedro salienta que a diferença e a evolução de preços não se relaciona com o euro, mas com decisões políticas internas. Já o caso da carne é peculiar. A carne de vaca desceu de preço desde 2002 e só se registaram subidas de preços nos produtos agro-alimentares a partir de 2008, "mas que não se relaciona com o euro. Tem a ver com a redução da produção nos mercados mundiais e a crise financeira", refere o presidente da confederação do sector (CAP), João Machado.
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