domingo, 1 de janeiro de 2012

Portugal: QUE É FEITO DO PAULINHO DAS FEIRAS?




Carlos Fonseca - Aventar

Nas últimas semanas de 2011, aproveitei o tempo para visitar feiras ou mercados de província; como se queira. Percorri cidades e vilas do Alto Alentejo e da Beira Baixa.

Falei com feirantes. A D. Ofélia, no Fundão, disse-me que a coisa está má: “Vende-se muito pouco, as pessoas já cortam na comida”, acentuou. Em Alpedrinha, a tia Odete, com a banca cheia de brócolos, couves, nabos, cenouras, cebolas, batatas e não sei que mais, também se lamentou da quebra de vendas. Mas, zangado, azedo, estava em Ponte de Sor o Sr. Ismael, homem de 70 anos, de semblante fechado e duro. Quando lhe perguntei pelo negócio, de mau humor e olhar furioso, gritou: “Estou farto de ser enganado, volte cá o Sr. Paulinho das Feiras que eu e os outros aqui do mercado, tratamos-lhe da saúde. Ele ou qualquer outro político, levam uma corrida em osso!”

À distância dos grandes centros, menos publicitadas é certo, também há manifestações de desagrado e contestação da gente do povo. São reacções individuais e ditas inorgânicas. Ainda assim, encontrei quem, em feiras e mercados, me tivesse lembrado da demagogia e dos “beijos de vampiro” das campanhas do Paulinho das Feiras. Um político hábil – reconheça-se – na fuga a mediatismos em momentos adversos das medidas de austeridade que, sob a prescrição da ‘troika’ e para além dela, Coelho é publica e quase solitariamente responsabilizado. Para mais, com excessivo protagonismo de um Relvas que já se tornou a figura nuclear de textos e programas de comédia.

De facto, e a despeito de ser ministro, é oportuno perguntar: “Que é feito do Paulinho das Feiras?”. Na altura de prestar contas e pedir novos votos, Paulo Portas, agora vedeta dos engalanados e sofisticados salões de ‘Negócios Estrangeiros’, saberá certamente trocar os diplomáticos uniformes por jeans, blusão ou casaco desportivo, camisa esgargalada e o indispensável boné de lavrador. Para o Coelho, ficarão as cenouras mais duras. Mas nunca tão árduas de mastigar como as medidas que, com o seu “Gasparzinho”, lançou sobre os que trabalham, os que já trabalharam anos a fio ou os que querem trabalhar e não encontram onde..(salvo em Angola, no Brasil ou algures longe de Portugal).

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