O ministro das Relações Exteriores afirmou, ontem, em Addis Abeba, que se a candidatura da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) à Presidência da Comissão da União Africana perder não vai haver continuidade da direcção actual daquele órgão.
Questionado sobre a posição da SADC se a sua candidata perder, Georges Chikoti respondeu: “tem que vencer porque temos a melhor visão. Se a nossa candidatura perder os Chefes de Estado vão ter que encontrar uma solução, porque não vai haver continuidade. A SADC tem números suficientes para não haver dois terços para ninguém”.
Os Estatutos da União Africana indicam que a conferência adopta as suas decisões por consenso ou por uma maioria de dois terços dos Estados membros da União.
O chefe da diplomacia angolana reiterou que a SADC quer a redefinição das prioridades da União Africana de acordo com a realidade dos países membros da organização continental e que a eleição do presidente da comissão é a grande expectativa do encontro.
O tema central é incrementar o comércio inter africano “e não é prioridade numa altura em que não há estabilidade total no continente. A criação de uma integração pelo comércio e de uma moeda africana é prematura. Países que criaram uma moeda única há poucos anos estão a pensar em abandonar o projecto. A União Africana deve definir as prioridades da integração regional de acordo com a realidade do continente”. Em relação à agenda da União Africana, frisou que tem de ser mais realista e dominada pelos africanos e que não pode ser imposta pelos parceiros não africanos: “este é o sentimento da maior parte dos países africanos. Temos de nos reencontrar primeiro, definirmos o rumo a seguir e depois escolhermos com quem trabalhar para atingirmos esses rumos”.
Campanha positiva
O chefe da diplomacia angolana afirmou que a campanha a favor da candidata da comunidade corre a bom ritmo. “Estiveram na reunião todos os ministros dos negócios estrangeiros da SADC e avaliamos o estado da campanha e outras iniciativas. A reunião foi curta mas produziu bons resultados. A campanha está a correr bem e estamos satisfeitos com a sua evolução. A nossa candidata é apoiada por todos os países da região e vamos intensificar a nossa campanha”.
O ministro resumiu a diferença entre as duas personalidades correntes à presidência da Comissão da União Africana e recordou que o princípio de dois mandatos não está consagrado nos estatutos da União Africana. “A SADC quer mudanças na actuação da União Africana e a outra corrente, a do presidente cessante Jean Ping, apoia a continuidade que não trouxe frutos muito bons num passado recente”.
Tomás Salomão
O Secretário Executivo da SADC garantiu que o relacionamento e a qualidade do diálogo entre a África Austral e as outras comunidades regionais do continente “são excelentes”. Tomás Salomão, que falava à imprensa angolana, disse que “ao nível da União Africana este processo de diálogo deve continuar e a instituição continental deve providenciar a liderança necessária”.
O secretário Executivo disse que a SADC quer reformas e uma nova liderança na União Africana que estabeleça novas prioridades e que existe convergência nos pontos de vista das várias comunidades económicas regionais.
“Estamos em estágios diferentes a nível de cada uma das comunidades económicas regionais, mas nas questões de princípio estamos todos de acordo. Do ponto de vista de articulação, programas e actividades, existe convergência”.
Ler mais
Sem comentários:
Enviar um comentário