Liberal
Pela boca morre o peixe, ou o PM apanhado em falta…
É um velho problema de José Maria Neves: fala o que não deve e faz triste figura. As suas apressadas declarações sobre o apoio de Cabo Verde à adesão da Guiné Equatorial à CPLP, mereceram ontem um reparo de Jorge Carlos Fonseca.
Praia, 24 de Fevereiro 2012 – A coisa passou quase despercebida. Referimo-nos às declarações do Presidente da República à Inforpress, à margem da sua visita de ontem ao concelho de São Domingos, uma notícia recuperada pelo “Expresso das Ilhas”, a que Liberal agora faz referência.
Efectivamente, comentando recentes declarações do Primeiro-ministro defendendo o apoio de Cabo Verde à adesão da Guiné Equatorial à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Jorge Carlos Fonseca considerou ser necessário ter "mais cautela”, assumindo que o Chefe de Estado não deve ter ainda uma “posição pública concreta”, defendendo ainda não “estar habilitado” para se pronunciar sobre a questão da adesão da Guiné Equatorial, reservando uma posição para momento próprio, porque – ainda segundo JCF – “muito provavelmente” será ele a representar o nosso país na cimeira de Maputo da CPLP, altura em que a organização deverá adoptar uma posição definitiva sobre a pretensão do regime de Teodoro Obiang.
Advertindo que "há vários factores a ter-se em conta”, o Presidente da República não deixou de colocar a questão nos seus termos exactos: “tenho que dialogar com o governo porque em matéria de política externa tem que haver, sempre que possível, uma voz única e sintonizada sobre este problema". E, mais adiante, Fonseca informou ainda não ter discutido o assunto com o executivo.
Ora, dando por certas as declarações do Presidente, José Maria Neves - ao anunciar o apoio de Cabo Verde - terá violado o imperativo constitucional de concertar posições, em matéria de política externa, com o Chefe de Estado. E as alegações do Primeiro-ministro de que o governo da Guiné Equatorial estaria a cumprir o roteiro e os requisitos impostos pela CPLP, levaram Jorge Carlos Fonseca a comentar que só na cimeira de Maputo se irá avaliar se as orientações saídas da conferência de Luanda estão, ou não, a ser cumpridas pelo governo de Obiang.
Mas o Presidente da República, além do governo, quer ouvir também os cidadãos e a sociedade civil cabo-verdiana, numa matéria que tem vindo a concitar forte oposição no espaço lusófono e que, inclusive, já originou uma carta aberta ao presidente, aqui publicada em 15 de Fevereiro, onde Óscar Ribeiro apelava ao Chefe de Estado que Cabo Verde votasse contra a adesão da Guiné Equatorial à CPLP.
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