terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

E SE OS POLÍTICOS SE MASCARASSEM?


Passos Coelho e a sua consorte, cabeçudos no carnaval de Portugal
Luís Claro – i online

Ana Benavente sugere a Gaspar que se mascare de menino Tonecas e Guilherme Silva quer Seguro de Pai Natal

Ninguém está a imaginar o Presidente Cavaco Silva a sair hoje do Palácio de Belém para brincar ao Carnaval ou o primeiro-ministro Passos Coelho a interromper o dia de trabalho – depois de ter suspendido, este ano, a habitual tolerância de ponto, para se mascarar seja do que for. Ou talvez esteja. O i desafiou sindicalistas, deputados e ex-governantes a sugerirem uma máscara para alguns dos protagonistas da política nacional actual.

A começar pela mais alta figura do Estado: Cavaco Silva, que há uns dias desmarcou uma visita à Escola António Arroio evitando os protestos dos jovens estudantes, poderá mascarar-se de Homem Invisível. A sugestão é do FERVE (movimento Fartos dos Recibos Verdes) e a justificação vem logo de seguida. O chefe de Estado poderia enfrentar qualquer manifestação sem ser visto e “não precisaria de desmarcar mais visitas”, explicam os membros do movimento.

O humorista Milton aproveita a polémica à volta do Presidente da República e, na sua página no Facebook, deixa uma proposta para os portugueses que queiram “ouvir insultos este Carnaval: mascarem-se de Cavaco”.

Ao contrário do Presidente da República, o primeiro-ministro diz que não foge do povo, mesmo quando corre o risco de ser vaiado, como aconteceu anteontem em Gouveia. E para ele não faltam sugestões carnavalescas. O sindicalista Nobre dos Santos – que já desafiou os funcionários públicos a irem trabalhar hoje mascarados em sinal de protesto pela suspensão da tolerância de ponto – sugere a Passos que se disfarce de Tio Patinhas. António Serzedelo, da Opus Gay, aconselha o chefe do governo a mascarar-se de Angela Merkel e Ana Benavente recomenda-lhe um fato de vampiro, já que “não tem categoria para Conde Drácula”, diz.

Ana Avoila, da CGTP, prefere fazer o exercício ao contrário, argumentando que o líder do PSD andou disfarçado na campanha eleitoral. “Mascarou-se de social-democrata, mas rapidamente retirou a máscara”, diz Avoila. Já os membros do movimento FERVE não disfarçam o descontentamento com o governo, e por eles o primeiro-ministro vestia-se de Homem-Bomba. Sem meias medidas.

Toneca Gaspar E ideias explosivas também não faltam para o Carnaval do ministro das Finanças. A socialista Ana Benavente sugere que Vítor Gaspar, o interlocutor e executante mais directo do que dita a troika, se disfarce de Menino Tonecas e a sindicalista Ana Avoila aconselha-o a mascarar-se de robô.

Mas a oposição ao governo também merece sátira. O deputado do PSD Guilherme Silva vê nas críticas da esquerda algum irrealismo. Por isso o deputado madeirense sugere a António José Seguro que se mascare de Pai Natal, a Francisco Louçã de Robin dos Bosques e, por último, a Jerónimo de Sousa que se disfarce de “escafandro antitroika”.

Mascarados nos serviços públicos? Se os políticos – à excepção de Alberto João Jardim – não têm por hábito mascarar-se, os funcionários públicos prometem fazê-lo desta vez. O desafio foi lançado pelos sindicatos, que pretendem desta forma protestar contra a decisão do primeiro-ministro de não dar tolerância de ponto (ver texto ao lado), como foi sempre tradição na terça-feira de Carnaval. “Os funcionários públicos são criativos. Da outra vez [em 1993, quando Cavaco Silva suspendeu esta mesma tolerância de ponto] organizaram-se e fizeram uma sátira, é capaz de voltar a acontecer”, garante a coordenadora da Frente Comum da CGTP, Ana Avoila.

Nobre dos Santos, coordenador da FESAP, lança o mesmo apelo e acusa o governo de ter tomado a decisão de acabar com a tolerância de ponto “sem ponderar e apenas para impressionar a troika”. “Foi para ficar bem na fotografia”, acrescenta, no mesmo tom, o social-democrata e sindicalista Bettencourt Picanço, dos Técnicos do Estado.

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