sábado, 11 de fevereiro de 2012

ESTRATÉGIA ALEMÃ PARA ÁFRICA PRIVILEGIA ANGOLA




Martin Schulz, eurodeputado alemão que é o novo presidente do Parlamento Europeu, teorizou sobre o “declínio de Portugal” e criticou as suas relações com Angola, mas a sua chanceler privilegia relações com o Estado angolano

De 11 a 13 de Julho de 2011, a senhora Merkel tornou-se a primeira chefe de um governo alemão a visitar Angola à frente de uma comitiva de 110 pessoas. A chanceler, que se deslocou igualmente ao Quénia e à Nigéria já no âmbito de uma estratégia organizada em relação a África, prosseguiu desta maneira a reactivação das relações especiais políticas, económicas e comerciais entre Berlim e Luanda que foram perturbadas pela crise de 2008 mas já vinham registando avanços desde a visita oficial de José Eduardo dos Santos a Angola em 2009. Essa foi também a primeira visita de um chefe de Estado angolano a Berlim.

Embora estando ainda no período inicial da sua presidência do Parlamento Europeu, o eurodeputado alemão social democrata Martin Schulz considera que Portugal deveria privilegiar mais as suas relações no espaço europeu e não tanto com países de outros continentes, designadamente com Angola.

No entanto, a visita da sua chanceler a Angola decorreu apenas um mês depois de Berlim ter aprovado uma “estratégia para África” após um longo trabalho de reflexão que envolveu todos os ministérios federais, os grupos parlamentares, associações do sector privado, fundações, organizações não governamentais, agentes culturais, igrejas, sindicatos e especialistas. Angola foi o país escolhido para o início da aplicação desta nova estratégia alemã.

De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros, “a estratégia para África deve assegurar sobretudo a coerência da política do Governo Federal” em relação ao continente e “a projecção da Alemanha em África de uma maneira uniforme”.

O ministro considera ainda que em África “presenciamos talvez a confirmação mais fascinante de um mundo em mudança”, pelo que “queremos abrir um novo capítulo nas relações com o continente vizinho” num espírito de parceria. Peter Hintze, secretário de Estado parlamentar do Ministério da Economia, definiu este objectivo como “uma parceria justa” na qual “questões económicas e recursos energéticos e naturais desempenham um papel central no nosso conceito de África”.

Na sua visita a Angola, a chefe do governo alemão avistou-se com o presidente José Eduardo dos Santos e assinou um Memorando de Entendimento e uma Declaração de Intenções dos dois governos nos domínios da política, economia, educação, ciência e tecnologia. Avistou-se também com representantes da sociedade civil e com o presidente da Unita, Isaías Samakuva.

Deputados da delegação encontraram-se com o presidente da Assembleia Nacional e com representantes de todos os grupos parlamentares nela representados.

Angola é o terceiro parceiro comercial da Alemanha na África Subsaariana, a seguir à África do Sul e à Nigéria.

Empresas industriais alemãs estão cada vez mais interessadas em investir em Angola e os dois países têm igualmente relações muito activas no domínio da Agricultura. O ministro angolano da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural, Paulo Canga, visitou Berlim em Janeiro último e discutiu com representantes alemães a cooperação futura no domínio agrícola numa perspectiva da diversificação da economia de Angola e da criação de postos de trabalho nas zonas rurais.


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