quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Moscovo: Grupo punk feminino invade e atua na Catedral de Cristo Redentor




José Milhazes – Da Rússia - Foto do jornal Novaya Gazeta

Cinco jovens conseguiram hoje entrar, disfarçadas de crentes, na Catedral de Cristo Redentor, montar aparelhagem junto do altar e interpretar canções contra Vladimir Putin e a direção da Igreja Ortodoxa Russa.

A correspondente do jornal Novaya Gazeta, que assistiu a esta manifestação, descrê que, depois de descobrirem roupas coloridas e extravagantes, os membros do grupo Pussy Riot começaram a cantar a canção “Mãe de Deus, expulsa Putin”, ao mesmo tempo que dançavam desenfreadamente junto das “Portas do Paraíso”, parte central do altar nos templos ortodoxos.

Elas entoaram também: “Batinas negras, galões de ouro [alegação à estreita colaboração entre a Igreja Ortodoxa Russa e os serviços secretos soviéticos KGB]. O fantasma da liberdade está no Céu. A parada Gay foi enviada, acorrentada, para a Sibéria…”.

As cantoras não pouparam críticas ao ensino da religião ortodoxa nas escolas, aos automóveis de luxo dos prelados e à fé que o Patriarca Kirill I tem em que Putin vencerá as presidenciais à primeira volta.

Na semana passada, num encontro do candidato Vladimir Putin com os líderes religiosos da Rússia, Kirill I fez grandes elogios dele, apresentando-o como o único garante da estabilidade no país.

“Que vergonha, meu Deus!”, soava no refrão.

Os guardas do templo começaram a arrastar as jovens do altar, mas as jovens continuavam a gritar “Mãe de Deus, torna-te femininista!”.

“Estão possessas!”, comentou um dos guardas, enquanto arrastava a solista, ajudado por paroquianas ortodoxas que diziam: “Não têm medo da ira divina!”.

As jovens do Pussy Riot tiveram de abandonar o templo debaixo de maldições e pragas, mas conseguiram escapar das mãos dos guardas e não serem detidas pela polícia.

A Catedral de Cristo Redentor é um dos templos ortodoxos mais bem guardados de Moscovo, pois é nele que o Patriarca Kirill I celebra as festas mais importantes da Ortodoxia.

P.S. Acho que a juventude deve ser inconformista, mas tratou-se claramente de um exagero. A liberdade de uns não pode prejudicar os direitos dos outros.

* José Milhazes, jornalista, correspondente em Moscovo de vários órgão de comunicação social portugueses, entre os quais a RDP, TSF, jornal Público, SIC, e também de outras nacionalidades, como poderá ver em pormenor.

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