domingo, 19 de fevereiro de 2012

NOVO QUADRO NAS RELAÇÕES ENTRE ANGOLA E ALEMANHA




Jornal de Angola, com foto

A Comissão Bilateral de Cooperação entre Angola e a Alemanha iniciou, numa reunião em Berlim, o processo identificação de áreas de cooperação mutuamente vantajosas.

Os dois países manifestaram o desejo de reunir condições para a entrada em vigor do acordo, assinado em 2009, sobre cultura, educação e ciência e a dinamização da cooperação nos domínios da formação de quadros e do intercâmbio de informação museológica.

Os dois países decidiram fomentar a cooperação no domínio das políticas ambientais e incrementar acções de formação na área das energias renováveis.

A cooperação política também foi tema da reunião, em que foram tratadas questões ligadas à Defesa e Segurança, à reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, à ingerência nos assuntos dos países africanos, ao conflito israelo-árabe e às alterações climáticas.

Também foi abordada a presidência angolana na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral e as situações no Zimbabwe e na África do Sul.

Os trabalhos da Comissão Bilateral de Cooperação terminaram com a apresentação, pela parte alemã, de um comunicado no final das reuniões dos grupos que discutiram temas de política externa e segurança, economia e energia.

Estes três grupos e os subgrupos que se debruçaram sobre cultura e transportes reuniram-se em separado e no final dos trabalhos apresentaram um relatório à Comissão Bilateral de Cooperação.

Na sessão de abertura, o secretário de Estado das Relações Exteriores, co-presidente da Comissão Bilateral, disse ser é possível “dar um conteúdo mais importante” às relações entre os dois países, não apenas no quadro bilateral e multilateral, mas também na apreciação e resolução dos problemas globais que afectam a humanidade.

As visitas do Presidente José Eduardo dos Santos à República da Alemanha, em 2009, e da Chanceler Ângela Merkel a Angola, em 2011, afirmou Manuel Augusto, constituem o ponto alto das relações entre os dois países e momento ímpar para dar forma a uma cooperação política e económica mutuamente vantajosa.

O secretário de Estado, que mencionou como objectivo cimentar “a aliança estratégica com um parceiro estratégico para Angola”, disse que as relações económicas entre os dois países estão numa fase de relançamento, cuja base são o comércio e os investimentos. O actual momento da cooperação, referiu o secretário de Estado, é marcado, sobretudo, pelos interesses de agentes transnacionais, empresas e grupos alemães que trabalham, investem e financiam projectos em Angola, como a Daimler, Bauer, Lufthansa, Deutsche Bank, Commerz Bank, BHF.

Maior cooperação

O secretário de Estado lembrou que a Alemanha, como país exportador não pode deixar de lado o mercado de Angola, o terceiro parceiro comercial daquele país na África Subsaariana. A diversificação da actividade económica, disse, pretende reduzir a dependência do petróleo e contribuir para a criação de emprego e melhoria da qualidade de vida dos angolanos.

A delegação angolana, a que se juntaram o embaixador na Alemanha, Alberto Neto, era constituída por técnicos da Presidência da República, dos Ministérios do Planeamento, Economia, Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, Cultura, Energia e Águas, Ambiente, Relações Exteriores, Defesa Nacional, Geologia e Minas e Indústria e do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia.

A secretária alemã de Estado dos Negócios Estrangeiros, co-presidente da Comissão Bilateral de Cooperação, congratulou-se por se dar seguimento ao acordado pelos responsáveis máximos dos governos dos dois países.

Emily Haber sublinhou que Angola “é um país com estabilidade política, com o qual se pode estabelecer um diálogo sério e profundo sobre várias questões da actualidade” e prometeu empenho no aprofundamento da relação bilateral.

Declaração de intenções

Na visita de Ângela Merkel a Angola, os dois países subscreveram a Declaração Comum de Intenções para o aprofundamento do diálogo bilateral para a criação de uma parceria estratégica.

A declaração conjunta, que teve como objectivo instituir um mecanismo sustentável para um amplo diálogo bilateral de alto nível, salienta o documento, prevês parcerias em várias matérias, entre as quais, assuntos “estratégicos a nível bilateral e global e diplomacia”, “economia e tecnologia”, “saúde e assuntos sociais”, “cooperação económica e desenvolvimento, por exemplo, de formação profissional/técnica” e “ciência e investigação”.

O documento também refere que a comissão bilateral é o foro para a troca de opiniões de carácter geral sobre temas bilaterais e multilaterais de interesse mútuo e que avalia o desenvolvimento da cooperação, podendo propor o alargamento a novas áreas.

A Comissão Bilateral de Cooperação Angola-Alemanha acordou realizar a próxima reunião ordinária no primeiro semestre de 2014, mas os grupos de trabalho já criados podem estabelecer as agendas e periodicidades de encontros. O lugar para a realização do encontro não foi ainda avançado.

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