Lusa
Horta, 01 fev (Lusa) - Um grupo de 11 operários guineenses está retido desde o início do ano no Corvo, a mais pequena ilha dos Açores, sem dinheiro para pagar refeições, nem a viagem de avião de regresso a Lisboa.
O caso foi denunciado por Honório Biágue, proprietário da empresa `Distância Viva`, que contratou estes trabalhadores e que admitiu à Lusa não ter dinheiro para pagar a cantina onde eles se alimentaram em janeiro, apesar de se recusarem a trabalhar enquanto não receberam os vencimentos de novembro e dezembro que estão em atraso.
O empresário frisou que a culpa desta situação é da empresa `Castanheira e Soares`, para a qual a `Distância Viva` tem trabalhado nos últimos meses em regime de subempreitada e que, alegadamente, não cumpriu os seus compromissos.
"Eles já não recebem desde novembro", frisou Honório Biagué, acrescentando que a situação está a tornar-se "complicada", porque já não consegue "pagar a cantina" onde os homens tomam as refeições diárias.
O empresário revelou que já foi contactado pelos serviços de apoio social, aguardando agora a chegada de um funcionário que vai verificar as condições em que se encontram os operários e tentar encontrar uma solução para a sua alimentação.
Amado Jao, um dos 11 trabalhadores da Guiné-Bissau retidos no Corvo, confirmou à Lusa que não tem dinheiro para pagar a viagem de avião para Lisboa, onde reside a sua família.
"Não temos dinheiro para nada, nem sequer para o pequeno-almoço", frisou, acrescentando desconhecer quem pagou o almoço de hoje na cantina, uma vez que sabe que o patrão "já não tem dinheiro para pagar a alimentação".
A empresa Castanheira e Soares admitiu estar a passar dificuldades financeiras e revelou, em comunicado, ter dado entrada com um "pedido de insolvência" no Tribunal de Santa Cruz das Flores, a 24 de janeiro, embora com uma proposta de "plano de recuperação".
Neste comunicado, a administração da empresa, com sede na ilha das Flores, não se refere, no entanto, ao caso dos operários estrangeiros com vencimentos em atraso que estão retidos no Corvo.
A empresa de construção civil justifica a sua "falta de liquidez" com a "falta de pagamento por parte de entidades adjudicatárias", com a "contração do mercado" e com os cortes na concessão de crédito por parte da banca.
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