domingo, 26 de fevereiro de 2012

Paulo Portas acusado de promover interesses de um banco na África do Sul




António Ramos, correspondente em Joanesburgo – Jornal de Notícias

O Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, está a ser alvo de uma campanha de contestação na comunidade portuguesa em Joanesburgo, na África do Sul. O ministro visita o país, numa inicitiva co-organizada pelo BANIF.

O cônsul de Portugal nesta cidade teve de intervir junto de grupos de portugueses para os dissuadir de protestarem quando Paulo Portas chegar ao país, no dia 2 de março.

Em causa está a participação do ministro no primeiro encontro de Gerações, uma iniciativa do banco BANIF e "Diário de Noticias do Funchal" que vai decorrer em Sandton (cidade satélite de Joanesburgo) a 3 de março.

De acordo com as notícias divulgadas pelas publicações comunitárias, vários portugueses apelam à subscrição de um protesto na Internet para ser entregue a Paulo Portas à sua chegada a Joanesburgo.

Os organizadores do protesto estão ligados a "lobbies" portugueses como a Academia do Bacalhau - uma tertúlia de homens de negócios de natureza conservadora - e uma estrutura comunitária liga à direita política sul-africana.

De acordo com o jornal comunitário "Século de Joanesburgo", um e-mail assinado pelo vice-presidente desta tertúlia solicitava aos membros para se juntarem num protesto alargado que fizesse ouvir as criticas dos portugueses radicados na África do Sul.

O diretor desta publicação comunitária, Rogério Afonso, propriedade dos principais acionistas do BANIF e também ele membro da academia do bacalhau, respondeu, pela Internet, que o movimento das academias tem como divisa não se envolver em política.

Rogério Afonso diz que "o ministro não vem em deslocação oficial à África do Sul. O ministro tem um anfitrião que é o Banif."

No dia seguinte Carlos Marques, cônsul de Portugal, deslocou-se ao almoço da "academia do bacalhau" para manifestar o "seu desapontamento com os responsáveis pelo e-mail", diz o jornal comunitário.

Por outro lado, José Mendes, ativista comunitário e editor da revista "Notícia de Joanesburgo", disse ao JN "não compreender a atitude de Paulo portas em aceitar promover os interesses de um banco em detrimento de outros".

Alguns portugueses vão mais longe e admitem que decisão do Ministro é só comparável ao oportunismo político de Luís Amado, o anterior ministro dos Negócios Estrangeiros, que, sabendo que o seu partido podia perder as eleições para o PSD, pavoneava-se em festas de Horácio Roque, (já falecido) fundador do Banif e proprietário do "Século de Joanesburgo".

Segundo estes críticos, Amado deixou-se fotografar na festa de aniversário da Paula Caetano na esperança de alcançar um lugar na direção deste banco, o que veio a acontecer.

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