O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, manifestou-se, esta quarta-feira, convicto de que a manifestação de sábado, em Lisboa, irá transformar o Terreiro do Paço em "terreiro do povo", referindo-se ao "elevado" número de autocarros já alugados.
"Estamos convencidos de que vamos fazer uma das maiores manifestações de sempre em Portugal. De acordo com o levantamento que já fizemos, temos muitos mais autocarros do que nas anteriores manifestações", disse Arménio Carlos aos jornalistas, no final de um plenário dos trabalhadores da administração local de Matosinhos.
Escusando-se a apontar estimativas relativamente a números, o dirigente da CGTP admitiu, contudo, que "possa ultrapassar os 100 mil" manifestantes.
"Pensamos mesmo transformar o Terreiro do Paço em terreiro do povo e a demonstração mais inequívoca disso foi este plenário aqui em Matosinhos, onde os trabalhadores manifestaram a sua disponibilidade para participar na manifestação nacional agendada para o próximo sábado", frisou.
E esclareceu que esta sua convicção se baseia em "diversas razões".
"Em primeiro lugar, porque os trabalhadores não aceitam ser caluniados pelo primeiro-ministro que ainda recentemente disse que os portugueses eram piegas. Em segundo lugar, porque estão convictos de que aquilo que se está a passar em termos de politicas económicas em Portugal não resolvem problema nenhum e, em terceiro lugar, porque estão convictos que há outras alternativas e outras saídas que têm necessariamente de passar por políticas que valorizem o trabalho e dignifiquem os trabalhadores", disse.
De acordo com Arménio Carlos, são "os trabalhadores e as suas famílias que mais têm trabalhado para responder aos problemas do país e para o pôr a andar para a frente. Ninguém mais".
"Estamos a falar de 400 mil trabalhadores a auferir o salário mínimo nacional e, neste caso concreto, a terem o salário líquido por mês inferior ao limiar da pobreza. Será que estes trabalhadores não estão a fazer tudo para pôr o país a desenvolver? Estão, mas não estão a ser bem tratados, estão a trabalhar, empobrecendo", considerou.
No entender do secretário-geral da CGTP, "estas manifestações têm de demonstrar que os portugueses não estão satisfeitos, porque este acordo de concertação social não só não promove crescimento, competitividade e emprego, como promove a recessão económica e vai colocar o país com uma dívida superior àquela que tinha anteriormente", acrescentou.
"Vai promover a desrregulação da legislação laboral e reduzir os salários dos trabalhadores e, em relação ao emprego, não o cria, pelo contrário, aumenta o desemprego e reduz a proteção social dos trabalhadores. É um processo que não faz sentido e, como tal, os trabalhadores precisam de se manifestar contra", referiu.
Aliás, sustentou, "foi a luta dos trabalhadores que levou a que o Governo tivesse recuado nas duas horas e meia de aumento de trabalho semanal. E também aqui vai ser preciso lutar muito para obrigar o governo a recuar".
Arménio Carlos defendeu ainda que é necessário demonstrar à 'troika' que passados este meses os problemas do país agravaram-se.
"É preciso renegociar a dívida, no que concerne aos juros, aos prazos e aos montantes, o que implica alargamento dos prazos para pagamento da dívida e redução de juros, porque ninguém pode pagar juros a 15%. E depois é preciso ver os montantes, porque há um montante que é dívida do país e há outro que é especulação financeira. Não podemos pagar essa parte", afirmou.
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