quinta-feira, 1 de março de 2012

Américo Jonas Costa: O cabo-verdiano quer ser o Obama da França nas próximas eleições




Américo Jonas Costa tem 54 anos, nasceu em Santo Antão, Cabo Verde, e cresceu em França. É empresário, apresenta-se como “artesão da política”, e quer ser o Obama do Eliseu para pôr o povo a mandar no país.

É mulato, alto, magro, e tem um sorriso fácil. Gosta das câmaras, é fã de Jacques Brel e de Valéry Giscard d'Estaing [Presidente de França entre 1974 e 1981]. Fala dele próprio na terceira pessoa e, embora não seja uma cara conhecida dos franceses, nem tenha ainda reunido o apoio de 500 assinaturas, obrigatório de acordo com a lei francesa para formalizar a candidatura, diz que concorre à Presidência da República “para ganhar”.

“Político artesão”

É “todo” político, desde sempre. Tem “a política nas veias”. Já em Cabo Verde, de onde saiu aos 15 anos, era assim: “As pessoas diziam-me ‘Américo, és pequeno mas és político’”, conta, sempre a sublinhar que é “diferente dos outros”.

“A diferença entre Américo Costa e os políticos convencionais é que eles são políticos profissionais. Américo Costa não é político profissional, é um político artesão. [Isto] quer dizer que eu mesmo penso e eu mesmo realizo”, explicou.

O candidato é “centrista e ecologista”. A sua ideia de política, diz, é “totalmente diferente”, é “uma política no terreno [para] a transformar as ideias simples em ideias concretas”, que, considera, “dão mais resultados do que as ideias académicas”.

“A minha política é mais baseada na democracia do povo, para que o povo tenha o seu poder próprio. Para que a pessoa tenha uma liberdade total para expressar a sua vontade, mas com todo o respeito em relação aos outros e à natureza”, acrescentou.

“A França do Povo”

Foram estas ideias que o impeliram a criar, há um ano, o movimento “A França do Povo”, um partido político que, garante, abrange todos os partidos: “Não tem nenhum limite, [representa] todos os cidadãos que aderem a esta ideia”, afirmou.

A votos quer levar um programa “simples”, para “dar voz ao povo” através de um sistema de referendo. Américo Costa defende que “não pode ser uma pessoa só a decidir por 65 milhões. O povo tem que tomar nas mãos as decisões sobre o seu futuro nas questões mais importantes”.

Este homem garante que tem a solução para o fim da crise em França: “É preciso pôr mais gente no mercado de trabalho. Isso faz-se liberalizando completamente o mercado. Defendo um limite máximo de 40 horas semanais. De resto, liberdade. Se uma pessoa tem meios para subsistir deve poder, se quiser, reformar-se aos 40 anos de idade”, disse.

Os outros “argumentos fortes” da sua candidatura, considera, são “o ambiente e o nuclear”. Américo Costa diz-se especialista nas duas áreas que, considera, não podem ser vistas em separado e podem contribuir para a criação de “milhões” de postos de trabalho.

Na Educação quer uma “escola para todos”, com alunos de uniforme. Na Saúde quer formar médicos para “acabar com a falta de profissionais nesta área”.

O Obama dois do mundo
Américo Jonas Costa acredita que França é “o país mais livre do mundo”. O “único” problema que a sua candidatura enfrenta é “na área da comunicação” porque “os vultos das máquinas partidárias aconselham os media a não darem espaço aos candidatos pequenos”.

“Mas a partir do momento em que eu consiga passar a mensagem, logo que o povo saiba que existe ‘A França do Povo’, que existe Américo Costa e que Américo Costa vai, dia a dia, desenvolver as suas ideias e o seu programa, muitas pessoas vão dizer ‘sim, Américo Costa pode ganhar e ser Presidente da República’”, acredita.

A imagem, desconfia, pode valer-lhe pontos: “Ser o Obama dois do mundo, o Obama de França, seria uma boa coisa. Permitiria a mais pessoas sonharem, mostraria que, neste país, tudo é possível.”

As eleições para a Presidência da República francesa realizam-se a 22 de Abril e a 6 de Maio. O candidato do Partido Socialista, François Hollande, surge em primeiro lugar nas intenções de voto dos franceses. O actual Presidente, Nicolas Sarkozy, já anunciou a sua recandidatura.

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