quinta-feira, 22 de março de 2012

COM ACUSAÇÕES DE FRAUDE À MISTURA... A SITUAÇÃO É TENSA EM BISSAU



Liberal (cv)

A um assassinato e um pedido de asilo político, juntam-se agora acusações de manipulação e falta de transparência. Cindo candidatos derrotados na primeira volta, exigem novo recenseamento e eleições livres e justas

Praia, 22 de Março 2012 – Os resultados das eleições presidenciais de domingo na Guiné-Bissau já são conhecidos, e anuncia-se uma segunda volta, prevista para 22 de Abril.

Carlos Gomes Júnior, líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), conseguiu 48,97 por cento dos votos expressos, seguido de Kumba Ialá, presidente do Partido da Renovação Social (PRS) – e antigo Presidente da República –, que obteve 23,36 por cento. Serifo Nhamadjo, um rebelde do PAIGC, ficou-se pelos 15,75 por cento, e o independente Henrique Rosa alcançou 5,4 por cento.

Mas o anúncio dos resultados eleitorais não deixou de surpreender vários observadores, visto que, num primeiro momento, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) havia anunciado a divulgação apenas para 24 ou 25 do corrente.

CANDIDATOS DENUNCIAM ELEIÇÕES FRAUDULENTAS

Porém, as opiniões sobre a verdade eleitoral divergem, cinco candidatos às eleições do último domingo deram uma conferência de imprensa anunciando uma “Declaração Política Conjunta”, pondo em causa a seriedade e transparência do processo eleitoral. Koumba Yala, Manuel Serifo Nhamadjo, Henrique Pereira Rosa, António Afonso Té e Serifo Baldé, exigiram a anulação do acto eleitoral de 18 de Março, alegando “organização fraudulenta” e denunciando “falta de credibilidade”.

Classificando os resultados eleitorais como “uma fraude”, os cinco candidatos responsabilizaram a CNE, pondo em causa a transparência do processo de recenseamento, apontando manipulação dos cadernos eleitorais e exigindo um novo recenseamento que conduza a novas eleições livres, justas e transparentes.

Já o PAIGC, que reagiu “com estupefacção”, “não entende as razões pelas quais os demais candidatos à corrida presidencial vêem, hoje em dia, com toda a desfaçatez e tamanha irresponsabilidade, pedir a declaração de nulidade do acto eleitoral de 18 de Março, assim como exigir a realização de recenseamento eleitoral”, refere o partido em comunicado. E a direcção de campanha de Carlos Gomes Júnior classifica a posição conjunta de “antidemocrática”.

Numas eleições marcadas pelo assassinato do ex-chefe da “secreta” e o pedido de asilo à União Europeia do ex-chefe do Estado Maior das Forças Armadas, apesar das declarações optimistas do essencial dos observadores – nomeadamente da missão da CPLP, chefiada por Armindo Maurício -, as notícias que vêm de Bissau anunciam grande tensão, prenúncio de um futuro imediato imprevisível.

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