Hoje Macau
Enquanto prosseguem as cerimónias fúnebres de Francisco Xavier do Amaral, cujo funeral se realiza esta quinta-feira no Jardim dos Heróis, em Metinaro, a campanha eleitoral não pára.
Dois dos candidatos às presidenciais de 17 de Março expressaram, em entrevistas à Lusa, as suas opiniões sobre o presente e o futuro de Timor-Leste.
Manuel Tilman considera que a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) é “um clube de pedintes” e que Timor-Leste deveria repensar a sua adesão ao bloco asiático e dar preferência à CPLP. “Timor não é um pedinte. Timor hoje financeiramente é rentável e como tal só poderá entrar na ASEAN desde que os países da ASEAN resolvam o seu sistema financeiro. Se Timor entrar agora, apenas Singapura e Timor têm dinheiro. Ora, não vamos entrar num clube de pedintes ou de pobres.” Para ele, os recursos financeiros, políticos e económicos de Timor-Leste devem antes servir para dinamizar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
No plano interno, se for eleito, Manuel Tilman pretende basear a sua Presidência na valorização dos timorenses. “O vector número do meu mandato como Presidente da República será a gestão equitativa e aplicar as riquezas do petróleo e do gás no investimento no Homem, na pessoa timorense.” Para Tilman, que foi também deputado em Portugal, é preciso “investir na família e nas crianças até aos 10 anos”. “O timorense é pobre e esfomeado, as crianças chegam à escola mal nutridas.”
Em relação à segurança, afirmou que o povo é pacífico. “Não estou preocupado com o meu povo. Estou preocupado com aqueles que pensam que não vão ganhar as eleições quer presidenciais, quer eleições parlamentares.”
Defende também o fim da Missão Integrada da ONU no país. “Já temos 10 anos, temos dinheiro, temos inteligência, já temos as nossas forças armadas, a nossa justiça, a nossa polícia, bem ou mal tudo isto é nosso. Deixem-nos em paz que não precisamos de tutores.”
Discurso parecido
Já o candidato às eleições presidenciais em Timor-Leste José Luís Guterres considera que o futuro Presidente deverá defender “exclusivamente os interesses nacionais e do povo” e não os interesses estrangeiros. “Gostaria que o novo Presidente fosse um Presidente que defenda exclusivamente os interesses nacionais e do povo de Timor-Leste e não os interesses estrangeiros e que seja firme na defesa desses mesmos interesses, que respeite os outros órgãos de soberania e que saiba trabalhar com o governo.”
O político, dissidente da Fretilin, disse estar preparado para perder as eleições, face ao favoritismo de outros candidatos, e que a sua iniciativa pretende contribuir para a democracia e reforçar a liberdade no país. “Como democrata, estou preparado para perder e saberei perder e dar o apoio necessário ao Presidente que for eleito. Quero contribuir para a democracia, quero reforçar a liberdade aqui em Timor.”
O presidente do partido Frente Mudança, que já ocupou várias pastas nos governos timorenses, considerou também que 2012 é “o momento” para acabar com a missão de manutenção de paz da ONU e da força internacional de estabilização, porque a sua permanência dá uma imagem negativa de Timor-Leste. “Dá a imagem de um país em constante ameaça de instabilidade e a instabilidade e o desenvolvimento não se conjugam, por isso somos defensores de que é necessário acabarmos com a missão das Nações Unidas e das forças internacionais aqui em Timor-Leste.” Só assim, acrescentou, se pode criar outro ambiente que permita o investimento estrangeiro e a criação de mais empregos para desenvolver o país.
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