Global Voices - Escrito por Janet Gunter - Traduzido por Sara Moreira
Francisco Xavier do Amaral, também conhecido afectivamente como “Avô Xavier” ou “Avô Xavi”, sucumbiu à doença na manhã de terça feira, 6 de Março, no hospital nacional em Díli. Tinha 75 anos. Xavier do Amaral foi membro fundador da Fretilin, o partido político por quem leu a declaração unilateral da independência em Novembro de 1975, na véspera da invasão indonésia. (O Arquivo e Museu da Resistência Timorense tem o documento original online.)
Depois de saberem da sua morte, utilizadores do Facebook começaram a partilhar a seguinte entrevista em vídeo de 1975 com a mídia Australiana - da qual se tem a percepção da idade e experiência de Xavier do Amaral na altura, já que ele era mais velho do que a maioria dos jovens estudantes nacionalistas que apaixonadamente formaram a Fretilin.
Xavier do Amaral fez parte da resistência contra a Indonésia que se concentrava nas montanhas, até que foi acusado de traição pela Fretilin em 1977, juntamente com os seus apoiantes que eram principalmente da zona da sua terra mãe, na região montanhosa de Turiscai e Maubisse. (É possível ouvir nos arquivos rádio de “East Timor Calling” uma emissão de Setembro de 1977 [en] no blog Timor Archives.)
Xavier do Amaral foi preso nas montanhas e depois capturado por soldados indonésios e levado como prisioneiro troféu para Jakarta. Ele regressou a Timor Leste depois da saída Indonésia do território queimado em 1999.
Em 2001, foi eleito para a primeira Assembleia Constituinte com o seu partido, ASDT (Associação Social Democrata Timorense) [en], e apoiado com veneração pelas pessoas das montanhas da região central de Timor.
Ainda que ele fosse politicamente discreto, a sua influência na política de coligações nos últimos anos não deve ser descurada. No momento da sua morte, Xavier do Amaral era candidato às próximas eleições presidenciais, pela terceira vez consecutiva.
Imediatamente após a notícia da sua morte, no Facebook, o utilizador Baumali Quintao publicou uma foto pública de Xavier do Amaral antes de ser colocado no caixão, o que gerou mais de cem comentários. Adeza Freitas publicou uma foto do carro funerário que levou Xavier do Amaral de volta à sua zona residencial, na marginal de Díli.
Tributos ao Avô da nação
Não páram de chegar tributos desde o Cambodja, às Filipinas, Austrália, Indonésia, Japão e Portugal, através do Facebook, Twitter, blogs e também de comentários no YouTube.
Muitos desejam a Xavier do Amaral uma “boa viagem” para o além em várias línguas, principalmente na própria língua oficial do país, Tétum.
Justin Amaral escreveu publicamente no seu Facebook [tet]:
Os apoiantes de Xavier do Amaral reúnem-se frequentemente na em Díli, na área da sua residência. A jornalista freelancer Meagan Weymes descreveu [en] o cenário no seu blogue: “família e apoiantes tinham-se reunido fora da casa para prestarem homenagem, cantando hinos e chorando”.
O governo timorense tinha declarado o luto nacional até esta quinta feira. Entretanto espera-se que continuem a aparecer imagens das homenagens nos próximos dias, a partir da capital mas também do seu lar, nas montanhas.
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