segunda-feira, 12 de março de 2012

Frelimo responsabiliza Renamo pelos tiroteios de Nampula, mas oposição diz-se inocente



MMT - Lusa

Maputo, 12 mar (Lusa) - O partido Frelimo, no poder, acusou a Renamo de ser "criminosa" por supostamente permitir que os seus ex-guerrilheiros confrontem a polícia em Nampula, mas o principal partido da oposição moçambicana considera-se vítima da polícia, que atacou "desmobilizados indefesos".

Discursando na abertura da V sessão da Assembleia da República, a chefe da bancada parlamentar da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Margarida Talapa, disse que "os homens armados" da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) estão a semear "um clima de medo e apreensão" na cidade de Nampula, o que é "uma péssima lição de quem autoproclama a paternidade da democracia".

Na última semana, as autoridades policiais atacaram e ocuparam a sede da Renamo em Nampula, no norte de Moçambique, onde desde dezembro estavam albergados centenas de ex-guerrilheiros do partido da oposição.

O grupo de antigos guerrilheiros da Renamo, alguns dos quais armados, estavam a viver na sede do partido em Nampula, alegadamente para proteger as manifestações que ameaça realizar contra o que considera uma governação antidemocrática da Frelimo.

Margarida Talapa referiu que, "com a concentração destes homens, as liberdades dos cidadãos ficaram limitadas, as crianças não podem ir à escola livremente, aumentaram os índices do crime violentos, como assassinatos, roubos, violações, cárceres privados, o que choca com a natureza pacífica do povo moçambicano".

Para Margarida Talapa, a "Renamo está a ensaiar como de facto fará quando despir a sua cara de cordeiro e mostrar a sua verdadeira face criminosa", ao confrontar os polícias "com uma situação atípica em sociedades democráticas".

Na sua intervenção, a chefe da bancada parlamentar da Renamo, Maria Angelina Enoque, lembrou, no entanto, que "há mais de dois anos que o presidente da Renamo (Afonso Dhlakama) vive sob vigia de um contingente (policial) armado até aos dentes e nunca ninguém ousou dizer que (as autoridades policiais) estavam a semear terror".

Maria Angelina Enoque afirmou que os homens armados são a guarda do líder da Renamo e "nunca fizeram mal a ninguém", até porque na quinta-feira passada, acusou, foram as Forças de Intervenção Rápida que, "à queima-roupa, se puseram a disparar atacando os desmobilizados indefesos e ocupando a sede da Renamo".

O líder da bancada do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, considerou, por seu turno, que "os acontecimentos ocorridos em Nampula aterrorizam os homens amantes de paz e obrigam a uma reflexão profunda" para se saber "afinal em que direção se pretende caminhar".

Os confrontos de quinta-feira, em Nampula, causaram a morte de duas pessoas, nomeadamente um militante da Renamo e um agente da polícia, tendo as autoridades policiais detido 34 elementos do partido da oposição, confiscado cinco espingardas AK47, uma pistola e 87 balas.

Supostamente, os elementos da Renamo estavam reunidos em Nampula no âmbito das manifestações para "correr com a Frelimo do poder" prometidas pelo líder do partido, Afonso Dhlakama, mas que nunca se realizaram.

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