EL - Lusa
Benguela, Angola, 12 mar (Lusa) - O julgamento sumário dos jovens detidos no sábado em Benguela, centro litoral de Angola, numa manifestação antigovernamental, frustrada pela intervenção da Polícia de Intervenção, e marcado para hoje, foi adiado para terça-feira, anunciou o coordenador da organização não-governamental OMUNGA.
Em comunicado divulgado na página da OMUNGA na Internet, José Patrocínio anunciou que os advogados dos detidos, Hugo Kalumbo, organizador da manifestação, que visava protestar contra a nomeação da presidente da Comissão Nacional Eleitoral, e Jesse Lufendo, dirigente da OMUNGA, apresentaram no início da sessão um requerimento a solicitar a anulação do processo.
O requerimento apresentava como fundamentação o facto de o Governo Provincial ser a entidade que violou a lei, ao negar o exercício do direito de manifestação.
O recurso foi indeferido e o julgamento foi então marcado para as 14:00 (13:00 em Lisboa) de terça-feira, sob a acusação de arremesso de pedras pelos detidos contra os agentes da polícia.
Segundo José Patrocínio, com a saída dos detidos do tribunal, conduzidos ao estabelecimento penitenciário de Benguela, "grande número de motoqueiros ali concentrados em sinal de solidariedade", manifestaram-se proferindo a palavra de ordem "abaixo a ditadura".
A OMUNGA convocou para sábado em Benguela uma nova manifestação antigovernamental para exigir a substituição de Suzana Inglês no cargo de presidente da CNE, e ainda em solidariedade com o que denominam como "compatriotas reprimidos, humilhados, torturados, raptados, desacreditados e insultados pelo facto de quererem construir um País Democrático e para exigir o fim da repressão, proibição e restrição do exercício da liberdade de manifestação".
A OMUNGA anunciou ainda que vai levar à Comissão Africana dos Direitos do Homem e dos Povos as violações perpetradas pelas autoridades angolanas por não permitirem o exercício constitucional do direito de reunião e manifestação.
No sábado, além de Benguela, a capital angolana foi também palco de uma tentativa de manifestação antigovernamental, frustrada neste caso pela atuação de civis armados com armas brancas, barras de ferro e cabos de eletricidade, que provocaram vários feridos, entre os quais o conhecido "rapper" iconoclasta, Luaty Beirão.
À margem desta frustrada manifestação em Luanda, o economista Filomeno Vieira Lopes, secretário-geral do Bloco Democrático, da oposição, foi espancado, tendo sofrido três fraturas no braço esquerdo, um golpe profundo na cabeça, e equimoses em todo o corpo.
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