domingo, 11 de março de 2012

São Tomé e Príncipe: PM acusa MLSTP de irresponsabilidade e difamação




São Tomé - O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, acusou hoje, domingo, o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe, (MLSTP) de praticar uma política de "autêntica irresponsabilidade, desconhecimento ou difamação".

"Eu apelo às pessoas (do MLSTP) para terem a responsabilidade quer neste caso, quer noutros que eu considero de autêntica irresponsabilidade, desconhecimento ou difamação. Isso não ajuda nem o MLSTP nem a política em São Tomé e Príncipe, nem os investidores, nem o povo são-tomense", disse Patrice Trovoada, apoiado pela Ação Democrática Independente (ADI).

Na passada quinta-feira, o MLSTP-PSD acusou o governo de estar a expropriar terras concedidas pelo Estado a pequenos agricultores com a ajuda de agentes policiais, para as entregar a uma sociedade privada de capital francesa denominada Satocao, LDA.

"O MLSTP insta o governo que proceda de imediato a suspensão dessa actividade, sobretudo pela maneira como ela tem sido feita, acompanhada de agentes de polícia armados, intimidando as populações o que em nada abona para o bom clima de coesão social e estabilidade que precisamos para promover o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe", disse o secretário-geral deste partido, Fernando Maquengo.

"Cada um faz política como pode, mas eu apelo que façamos política com regras, sem difamar, sem caluniar, sem induzir a população em erro", disse Patrice Trovada, pedindo ao principal partido da oposição para adoptar "outros modos de fazer política".

"Se há algo que tem que ser esclarecido, pergunta-se aos ministérios, às direções", explicou o chefe do executivo, desmentindo também que o contrato com a sociedade Satocao, Lda. não envolve 2500 hectares de terra.

A reação do primeiro-ministro são-tomense as criticas do MLSTP foi feita em São Marcos, três quilómetros do centro da capital, local para onde se deslocou para tentar pessoalmente dirimir um conflito que opõe o Estado a um grupo de horticultores.

Os agricultores recusam-se a obedecer a um despacho da Direção dos Serviços Geográficos e Cadastrais para abandonarem o local que o estado necessita alegadamente para construção de habitação.

Mas os horticultores dizem que não vão "desocupar um espaço onde temos as nossas lavras e onde retiramos o nosso ganha-pão há vários anos".

Patrice Trovoada reconhece que o país vive "um problema nacional que é o problema dos terrenos", mas acredita que "decisões precipitadas, decisões quando não se tem o domínio de toda a informação podem produzir um efeito contrário".

Nesse sentido, prometeu "encontrar um meio-termo, uma situação de equilíbrio e dentro de justiça" para solucionar o descontentamento produzido na comunidade com a decisão governamental de retirar aos horticultores as suas lavras.

Por outro lado, num extenso comunicado distribuído a imprensa, a Satocao LDA, desmente que "em momento algum as terras foram entregues pelo governo com ajuda de forças paramilitares munidas de armas de guerra", sublinhando que "as terras que até ao momento vieram a sua posse são na sua maioria terras encapoeiradas ou cujos titulares haviam abandonado a longos anos".

O comunicado da Satocao, assinado pelo presidente do conselho de gerência Philipe Perles e director-geral Jean-Marie Ecrepont diz ainda que "não estão neste país ao serviço de qualquer organização ou entidade política, mas sim com único propósito de em parceria com os pequenos e médios agricultores contribuir para a valorização e relançamento da cultura do cacau de são Tomé e Príncipe".

Leia mais sobre São Tomé e Príncipe - use os símbolos da barra lateral para se ligar aos países lusófonos pretendidos

Sem comentários:

Mais lidas da semana