quarta-feira, 7 de março de 2012

Timor-Leste: Abílio Araújo quer "grande introspeção nacional" sobre últimos 10 anos



MSE - Lusa

Díli, 07 mar (Lusa) - O candidato presidencial Abílio Araújo disse à agência Lusa que, se for eleito na votação no dia 17 em Timor-Leste, vai lançar uma iniciativa para todos os timorenses fazerem uma introspeção sobre os últimos 10 anos.

"A primeira grande ação que quero desenvolver é lançar uma grande mobilização nacional, envolvendo o Governo, as forças de segurança e de defesa, a Igreja Católica, outras confissões religiosas, com vista a fazer uma grande introspeção", afirmou o ex-dirigente histórico da Fretilin e atual empresário em entrevista à agência Lusa.

Segundo Abílio Araújo, que fez parte da resistência timorense no exterior, é preciso que a nação "se vire para ela mesmo" e olhe para o povo que parece "não estar muito beneficiado com os 10 anos de restauração da independência", afirmou.

Sublinhando que a situação de Timor-Leste já é conhecida pela comunidade internacional, Abílio Araújo defendeu que é preciso uma maior concentração nos timorenses.

"Penso que hoje nós todos temos de nos virar para nós, porque eu sinto que o povo, que lutou e conquistou toda esta vitória, ainda não sentiu os benefícios da restauração da independência", destacou.

Caso seja eleito, Abílio Araújo quer trabalhar com o Governo para concentrar energias na formação de recursos humanos.

Ao nível da economia, o empresário defendeu uma maior participação do setor empresarial timorense com as empresas estrangeiras: "Fazer 'joint-ventures' com a participação do setor privado timorense para que haja de facto uma transferência de tecnologia. Se não houver transferência de tecnologia, vêm as empresas estrangeiras constroem tudo, depois vão-se embora e depois nós não temos capacidade para a manutenção", alertou o candidato.

Outra preocupação, caso seja eleito, é a educação dos jovens. "Passou a época da luta e da contestação sistemática, agora a juventude tem de se imbuir de uma grande responsabilidade e que a sua tarefa é a sua própria formação", disse, defendendo um maior investimento das autoridades na educação.

Abílio Araújo disse também não estar preocupado com questões de segurança, sublinhando que os timorenses já atingiram maturidade suficiente e percebem que a instabilidade só é prejudicial.

"Como Presidente da República, tudo farei para terminar o ciclo da transição em Timor, para que a independência seja de facto uma realidade assumida pelos timorenses e com os braços abertos para a cooperação com os seus amigos e povos que venham de coração aberto para ajudar Timor", afirmou.

Durante a ocupação indonésia, Abílio Araújo foi representante da Fretilin na Europa, de onde saiu após uma disputa com o atual secretário-geral do partido, Mari Alkatiri.

Em 1999 fundou o Partido Nacionalista Timorense, mas afastou-se da política, tendo-se dedicado nos últimos anos a atividades empresariais.

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