APELOS DE MEMÓRIA (2001) - PG
TSF – Publicado a 11 MAR 01 às 00:00
O Presidente do Partido Nacionalista de Timor «está a encarar a hipótese de processar» Ramos Horta «por calúnia e difamação». Abílio Araújo diz que o dirigente timorense, em declarações ao Expresso, faz «acusações gravíssimas para o processo político timorense».
O Presidente do Partido Nacionalista de Timor (PNT), Abílio Araújo, «está a encarar a hipótese de processar» o dirigente timorense Ramos Horta «por calúnia e difamação».
Abílio Araújo sustentou que Ramos Horta lhe fez «acusações gravíssimas» em declarações ao jornal português Expresso de sábado, acusações essas que «são extremamente gravosas para o processo político timorense».
«Temos provas de que Abílio Araújo e um grupo de militares indonésios financiam esse grupo para inviabilizar um projecto político pacífico para Timor», refere Ramos Horta em entrevista ao jornal Expresso, acrescentando que o grupo de timorenses, que está por detrás da tentativa frustada de atentado contra Xanana Gusmão, é financiado pelo ex-líder da FRETILIN.
«Vou contactar esta semana as autoridades portuguesas e depois desses encontros ponderei se coloco um processo nos tribunais portugueses a Ramos Horta», explicou à agência Lusa.
«Estou cada vez mais convencido de que se está a montar uma cabala contra o PNT e contra mim próprio, para impedir que faça campanha eleitoral no território», disse Araújo, que foi ministro de Estado e dos Assuntos Económicos na primeira efémera República de Timor Leste, pouco depois da declaração unilateral da independência em 1975.
«Mas, penso que se pretende também atingir um relacionamento privilegiado com Portugal», acrescentou, escusando-se a explanar esta denúncia.
«Estive há cerca de um mês em Jacarta, mantive contactos com a embaixadora de Portugal, Ana Gomes, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, que está para vir a Portugal, e esta minha viagem pretendeu precisamente fomentar o relacionamento privilegiado de Timor Leste com Portugal», afirmou.
«Quero ver as provas contra mim, quero uma investigação ao que se passou com um alegado atentado a Xanana Gusmão», sublinhou, referindo que, «quer a autoridade transitória da ONU em Timor, quer as autoridades portuguesas, quer o próprio Xanana têm perfeito conhecimento do meu empenhamento na pacificação da sociedade timorense», argumentou.
«O Administrador transitório Sérgio Vieira de Mello tem de ter mais contenção nas suas declarações e na sua actividade em Timor Leste, tem de ser um moderador, uma fautor de unidade e não um apologista de uma das partes», frisou.
«Os dirigentes timorenses, em especial os que estão a governar, têm de tomar consciência de que existe descontentamento, de que existe um mau-estar, porque a sociedade não avança, e eles são responsáveis. O povo, ou pelo menos uma parte, pede-lhe explicações e eles não podem meter a cabeça na areia e atirar com as culpas para outros», sustentou.
«Ramos Horta é co-responsável pela actual situação sócio-económica existente no território», acrescentou.
Abílio Araújo anunciou, ainda, que vai, em breve, fazer uma visita a Timor Leste, e que o seu partido lhe está a preparar uma grande recepção.
«Tal facto está a incomodar pessoas que nada tem feito pelo desenvolvimento económico do país, mas querem ficar no poder», concluiu.
Sem comentários:
Enviar um comentário