... na repressão de sábado aos manifestantes
RTP – Lusa, com foto
O maior partido da oposição angolana, UNITA, exprimiu hoje em Luanda a sua "grande repulsa" pela forma "brutal" como foram reprimidos os jovens que no sábado pretendiam realizar uma manifestação antigovernamental.
Na reação aos acontecimentos de sábado em Luanda, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) expressou igualmente "profunda preocupação pelo desprezo com que o Executivo lida com a lei, violando-a a seu belo prazer, numa estranha e arrogante atitude que só demonstra a sua falta de vontade política e a sua inaptidão de se ajustar às normas que regulam os atos de um Governo num Estado democrático de Direito".
No sábado, um grupo de jovens foi impedido de realizar na Praça 1.º de Maio uma manifestação contra a manutenção da presidente da Comissão Nacional Eleitoral e para exigir a demissão do Presidente José Eduardo dos Santos.
"A UNITA exprime a sua total solidariedade aos jovens manifestantes, pela coragem e determinação demonstradas na luta contra a tirania e a opressão do regime de José Eduardo dos Santos, que ao invés de garantir a aplicação da Constituição, na sua qualidade de Presidente da República, se transformou no seu principal violador", lê-se no comunicado.
Por outro lado, esta força política rejeitou e repudiou "nos termos mais enérgicos" o que considerou uma "atitude irrefletida de alguns jovens", que acusou de pretenderem "mobilizar presenças através de ameaças e chantagens dirigidas aos partidos políticos e aos seus dirigentes".
Na manifestação convocada pelo grupo de jovens foi anunciada a presença prevista de dirigentes da UNITA, Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Bloco Democrático, e apenas este último partido se fez representar no protesto, tendo o seu secretário-geral, Filomeno Vieira Lopes, sido espancado à margem da frustrada manifestação.
O Bloco Democrático (BD), igualmente em comunicado, denunciou "com veemência mais um ato ignóbil, repugnante e de puro arbítrio praticado por forças (uniformizadas e à paisana) repressivas governamentais".
No documento, o BD exige a responsabilização criminal de todos os polícias (em uniforme e à paisana) e demais elementos "comprometidos com a repressão", que impediram "sem motivo legal, o livre exercício do direito de reunião e manifestação constitucionalmente consagrado".
Filomeno Vieira Lopes disse à Lusa ter sido espancado por civis armados, enquadrados por agentes da polícia, de que resultou a fratura do braço esquerdo em três sítios, um golpe profundo na cabeça, que levou dois pontos, e equimoses em todo o corpo.
A Polícia Nacional já prometeu que vai investigar as agressões de sábado, frisando que os agentes da polícia destacados na zona não deram conta de nenhum ato perturbador da ordem pública.
"A Polícia Nacional recebeu denúncias que no Cazenga estavam dois grupos diferentes a confrontar-se e presume-se que esses dois grupos têm filosofias diferentes. Uns apoiam as instituições do Estado democraticamente eleitas e outros contestam as autoridades", disse o porta-voz do Comando Provincial de Luanda da PN, Nestor Goubel.
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