SIC Notícias
Lisboa, 21 abr (Lusa) - Uma manifestação pela paz na Guiné-Bissau com centenas de pessoas está hoje à tarde a provocar cortes de trânsito no centro de Lisboa.
O acesso à praça do Rossio foi interditado pela PSP e na rua do Ouro, também na Baixa, não se circula devido à passagem dos manifestantes, que se dirigem a pé para a sede da embaixada da Guiné-Bissau na capital portuguesa, no Restelo, onde vão entregar um documento.
"Não queremos ser reféns dos militares, temos de ser donos do nosso destino - viva a liberdade, viva a Guiné-Bissau", lê-se num dos muitos cartazes empunhados pelos manifestantes em protesto contra o golpe militar de 12 de abril.
Cerca de 100 guineenses marcharam em Luanda pela paz e para agradecer solidariedade de Angola
EL - Lusa
Luanda, 21 abr (Lusa) - Cerca de uma centena de guineenses marcharam hoje, em Luanda, a favor da paz no seu país e da intervenção da comunidade internacional para pôr fim ao golpe de Estado e para agradecer a solidariedade de Angola.
A marcha iniciou-se no Largo das Heroínas, com passagem defronte da Escola Portuguesa de Luanda, e terminou no Largo das Escolas, nas proximidades da Praça 1º de Maio, e ao longo do trajeto a palavra de ordem mais ouvida foi "queremos paz".
No final, Adulai Djaló, da organização da iniciativa, leu um texto em que manifestou "a gratidão dos guineenses a todo o trabalho que o Governo angolano tem feito pela Guiné-Bissau".
"O vosso trabalho ficará na História, agrade ou não a outros", sublinhou.
Bandeiras da Guiné-Bissau e de Angola encabeçaram a marcha, e muitos empunhavam cartazes e panos onde se podiam ler desde agradecimentos à comunidade internacional, desde as Nações Unidas à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), passando por Portugal, União Europeia e Angola.
Logo atrás, um grande pano exigia a libertação do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.
Mussa Buran, também da organização da marcha, disse à Lusa que no início da semana vão ser entregues cartas ao Governo angolano e à delegação da União Europeia a exigir a sua intervenção para impedir a continuação do "sequestro" do povo guineense pelos militares.
"Já perdemos a conta às vezes que os militares se meteram na política. Queremos que regressem aos quartéis e que o processo eleitoral, interrompido com o golpe de estado, seja finalizado, com a realização da segunda volta das presidenciais", salientou.
Mussa Buran defende o envio, "o mais rápido possível", de uma força internacional.
"Duas semanas é demais. Tem que ser já, porque senão é o povo que se vai levantar e fazer frente aos militares", garantiu.
A comunidade guineense residente em Angola, maioritariamente concentrada na capital, Luanda, é de cerca de 2 mil pessoas.
Ministro guineense: “Estamos há 14 anos reféns dos senhores das armas”
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné -Bissau disse hoje em Lisboa que o “país está refém dos senhores das armas” que ameaçam o poder judicial e a Constituição.
“Há mais de 14 anos que estamos perante os senhores das armas, são mais do que os anos que durou a luta pela independência”, disse Djaló Pires, num encontro na sede da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) em Lisboa com representantes da diáspora guineense que se manifestaram no centro da cidade pela paz no país africano, onde ocorreu um golpe militar no dia 12.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, porta-voz do Governo legítimo da Guiné-Bissau, que esteve na sexta-feira na reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas em Nova Iorque, disse ao grupo de manifestantes que neste momento a situação no país é grave.
“A imprensa na Guiné-Bissau está amordaçada para que a população não seja mobilizada contra a barbárie que está a ser cometida. O nosso povo tem de se levantar para dizer não”, disse o ministro, sublinhando que o povo merece a liberdade.
Segundo Djaló Pires, “não há nenhum exército no mundo que possa vencer o povo”, que “merece a liberdade e viver em democracia” num Estado em que o poder tem de ser legitimado pelo voto popular: “É o povo que legitima os órgãos do Estado, não a violência”, disse.
“Nós todos estamos ameaçados. Os meus colegas continuam escondidos porque se saírem serão objeto de violência. Há juízes escondidos, as casas foram vandalizadas e ainda se fala em democracia? Eles permitem que as brigadas do mal vandalizem os dirigentes do poder judicial”, declarou o ministro, que se encontrava fora do país no dia do golpe e que denunciou hoje atos de perseguição em Bissau por parte dos golpistas.
O responsável disse que a Justiça na Guiné-Bissau está a ser perseguida e que os juízes estão escondidos, cenário que não pode escapar à comunidade internacional.
“É inaceitável e a comunidade internacional já demonstrou que não concorda com os senhores das armas. Apelo para que ponham em liberdade o primeiro-ministro e o Presidente da Republica”, disse.
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