sexta-feira, 27 de abril de 2012

Guiné-Bissau: PR de Cabo Verde nega papel secundário da CPLP na gestão da crise



JSD - Lusa

Cidade da Praia, 27 abr (Lusa) - O Presidente de Cabo Verde negou hoje que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) tenha sido relegada para um plano secundário pela organização da África Ocidental na gestão da crise político-militar na Guiné-Bissau.

O Presidente cabo-verdiano defendeu que a questão diz respeito à África Ocidental e que, como tal, cabe à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) liderar o processo negocial, frisando, porém, que a CPLP tem tido um papel "participativo" nas conversações.

O chefe de Estado cabo-verdiano, que participou quinta-feira, em Abidjan, na cimeira extraordinária da CEDEAO, lembrou que também o secretário-executivo dos "oito", o guineense Domingos Simões Pereira, esteve presente no encontro na capital marfinense.

Jorge Carlos Fonseca lembrou que também o presidente em exercício do Conselho de Ministros da CPLP e chefe da diplomacia angolana, George Chicoti, se deslocou a Abidjan para participar ativamente" na cimeira, e que outros países dos "oito", como Portugal e Brasil, têm feito diligências nas organizações internacionais

"A CEDEAO entendeu que deveria criar uma força na África Ocidental. Mas essa força é também inclusiva, pois é criada em concertação com a União Europeia, União Africana, Nações Unidas e CPLP, bem como até pelos Estados Unidos e França, que fornecerão outro tipo de apoios", sustentou o Presidente de Cabo Verde.

Para Jorge Carlos Fonseca, subjacente à força da CEDEAO a enviar para a Guiné-Bissau, que deverá englobar cerca de 600 efetivos militares da Nigéria, Burkina Faso, Senegal e Togo, existe "o princípio da subsidiariedade", pois qualquer uma das organizações ou qualquer país poderá solicitar a participação na missão.

"Há questões de pormenor, de força, de ajustamentos. Por exemplo, não está excluída a participação do Brasil nos esforços de intervenção. Mas se me fala de Angola, havendo lá o problema da Missang [missão militar angolana em Bissau, posta em causa pelos militares golpistas], que já esteve e vai sair, não estará excluída, como país africano ou da CPLP, mas talvez se deva perceber que seria mais fácil estarem tropas de outros países", disse.

Afirmando que, para Cabo Verde, Angola "não é empecilho", Jorge Carlos Fonseca disse, porém, que "não se pode esquecer" que os militares guineenses justificaram o golpe de Estado de 12 de abril com a presença angolana no país.

"Um dos pretextos oficiais dos golpistas é que uma força angolana estaria preparada para agredir as Forças Armadas da Guiné-Bissau e tomar o país", referiu, referindo, porém, que tal "não corresponde verdadeiramente aos factos".



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