sábado, 21 de abril de 2012

Guiné-Bissau: "Terapia" necessária para país deixar de ser "refém" de militares - CPLP



PDF - Lusa

Nova Iorque, 19 abr (Lusa) - O ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chicoti, defendeu hoje que a comunidade internacional deve aplicar uma "terapia" à Guiné-Bissau, incluindo enviando uma "força de interposição, para o país deixar de ser "refém do poder militar".

Falando em nome da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na reunião do Conselho de Segurança da ONU dedicada à crise política na Guiné-Bissau, Chicoti apontou como primeira razão da "permanente instabilidade" no país a "impunidade, ausência de instituições operantes, particularmente do sistema judicial, devido à intervenção das autoridades militares na vida pública, que torna o país refém do poder militar".

Outro motivo para a crise, afirmou, é "o aumento do tráfico de droga, que traz o risco de transformar o país numa plataforma de tráfico internacional".

"Por isto, a Guiné-Bissau precisa de uma terapia adequada, com ajuda deste Conselho e comissão da Consolidação da Paz, da União Africana, da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da Àfrica Ocidental), CPLP e outros atores com vista a encontrarmos uma solução duradoura para o país", adiantou.

"Pedimos hoje humildemente a este Conselho que considere a adoção de medidas adequadas à reposição da ordem constitucional, assegurar a libertação dos dirigentes presos, criar uma força de interposição e estabilização para a Guiné-Bissau, concluir o processo eleitoral e criar um regime sanções em caso de incumprimento", disse.

O mesmo apelo foi deixado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Mamadu Djaló Pires, que "implorou o envio de uma "força de interposição" para o seu país, para pôr fim aos desmandos dos líderes das Forças Armadas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, defendeu também o envio da força de estabilização, com mandato da ONU, a par de sanções para os autores políticos e militares pelo golpe de Estado.

Na implementação destas medidas, disse ainda Chicoti, o "fator tempo é muito crucial", para "que não seja sacrificado por muito mais tempo o povo da Guiné-Bissau, que vive constantemente refém do poder militar".

"O desafio que a comunidade internacional tem é bastante sério e, se não encontrarmos soluções adequadas em devido tempo, estaremos a sacrificar este povo que já sofreu muito nos últimos 30 anos", adiantou.

A crise, sublinhou, foi "criada pela classe militar", fonte de "problemas extremamente sérios".

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