segunda-feira, 30 de abril de 2012

MNE TIMORENSE DESAFIA GOVERNO A AJUDAR PORTUGAL A SAIR DA CRISE



NV - Lusa

Lisboa, 30 abr (Lusa) -- O ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, Zacarias da Costa, desafiou hoje o seu governo a ajudar Portugal a sair da crise económica em que se encontra, lembrando que as autoridades portuguesas sempre foram generosas no auxílio aos timorenses.

"Louvo Portugal pela ajuda que deu a Timor-Leste. (...) Entre 1999 e 2009 foi o maior doador, com 467 milhões de euros", disse o ministro, considerando que chegou a altura de as autoridades timorenses tomarem a iniciativa de ajudar Portugal "para não ser sempre o mesmo (país) a puxar os cordões à bolsa".

Zacarias da Costa, que falava no lançamento, em Lisboa, do livro "Por Timor -- Memórias de Dez Anos de Independência", coordenado por Sónia Neto, não pormenorizou o tipo da ajuda a conceder a Portugal, mas sublinhou que é "um desafio que deixa aos colegas de governo".

Sobre o livro, de que é coautor, com um dos 51 testemunhos ali reunidos, o ministro timorense referiu que "a vida de uma nação é feita de etapas" como as relatadas no livro hoje lançado no Museu do Oriente, depois de uma primeira cerimónia de lançamento em Bruxelas, no passado dia 26.

Como apresentador da obra e igualmente autor, esteve também o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português Luís Amado, o primeiro governante português a pisar solo de Timor-Leste depois de 1975, quando o território foi ocupado por forças indonésias, que ali se mantiveram até 1999, quando os timorenses votaram pela independência, restabelecida a 20 de maio de 2002.

Numa intervenção improvisada, Luís Amado referiu que o processo de Timor-Leste é feito de "paixão, emoção e razão" e da sua experiência contou, pela primeira vez em público, que foi a imagem de destruição em que o país se encontrava que o fez "subir a fasquia" na reunião de doadores em Tóquio.

"Anunciei que Portugal contribuiria com 40 milhões de dólares (30,2 milhões de euros) para o Trust Fund de Timor-Leste, o mesmo que o Japão, um país rico, em cuja capital decorria a reunião", disse Luís Amado, então secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, confessando que nada tinha combinado com o ministro nem com o primeiro-ministro.

Do "impulso" resultou alguma intranquilidade, só resolvida quando falou com António Guterres sobre os 40 milhões de dólares prometidos.

"Fizeste bem", foi a tranquilizante resposta de Guterres, recordou Amado suscitando os aplausos e risos dos participantes na cerimónia, que foi aberta por Carlos Monjardino, presidente da Fundação Oriente.

Entre os oradores, estiveram ainda a embaixadora de Timor-Leste em Portugal, Natália Carrascalão, que considerou o livro de Sónia Neto "um tributo ao povo timorense", que vai "ajudar a escrever a história" do país.

A coordenadora da obra, Sónia Neto, agradeceu os 151 contributos que integram o livro e destacou que Portugal encontrou em Timor-leste um dos sucessos mais improváveis da sua diplomacia contemporânea.

Sónia Neto ex-funcionária da missão das Nações Unidas em Timor-Leste, esteve seis anos no país, onde foi também chefe de Gabinete de José Ramos-Horta, quando este era ministro dos Negócios Estrangeiros.

Atualmente é conselheira do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.

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