sábado, 21 de abril de 2012

Moçambique: EROSÃO NO CHIMOIO, NOVO TERMINAL NO AEROPORTO E QUERCUS




Erosão ameaça casas e cemitério tradicional num bairro de Chimoio

André Catueira, da Agência Lusa

Chimoio, 21 abr (Lusa) -- Herculano Possi esmaga pedaços de tabaco na mão e depois deita-os no chão enquanto medita, num ritual para espantar os espíritos, e de seguida desaparece no capim alto, num cemitério tradicional em Chimoio, Moçambique, para "avistar" os seus entes queridos.

"Sempre venho deixar um cigarro e ou uma bebida na campa dos meus falecidos, numa ação de respeito. Tive este ensinamento e estou cumprindo com a tradição. Não sei como será quando não existir mais este cemitério porque uma vala (cratera) está a avançar muito e já destruiu algumas campas", explicou à Lusa Herculano Possi, 38 anos,

Uma enorme cratera, provocada pela erosão, decorrente de chuvas, ameaça destruir este cemitério tradicional e casas num bairro de Chimoio, a capital de Manica, centro de Moçambique, e a população acusa o governo de "negligência".

Em tempos chuvoso, a corrente das águas arrasta tudo, incluindo campas do cemitério de Mudzingaze, deixando por vezes ossos humanos a flutuar no rio com o mesmo nome, situação que apoquenta os moradores que consideram a situação de "imoral".

"Esta cratera começou mais abaixo e tem vindo a alastrar passando nas bermas das campas até às casas. Houve intervenção na parte residencial, mas para proteger os restos mortais enterrados neste cemitério é preciso também fazer algo para que não se destruam campas", disse à Lusa Felimone Tsuro, um residente local.

O governo municipal retirou quatro famílias, que viviam a menos de 10 metros do cemitério, para um bairro de realojamento, cujas casas foram destruídas pela erosão, e outras três deverão também deixar a zona nos próximos dias devido ao avanço da cratera.

Em fevereiro passado, igualmente construiu uma barreira e fez aterros na cratera, mas a iniciativa ficou paralisada por falta de fundos.

A paragem das obras veio a piorar a situação da população, que tem visto as suas casas invadidas por água no tempo chuvoso.

"Começou a intervenção (para conter a erosão) da parte das casas e depois de um tempo as obras pararam, sem terminar. O aterro feito não estava concluído e isso tem criado inundações nas casas próximas do local. Uma outra cratera está a avançar noutro lugar, o que nos deixa mais preocupados", explicou à Lusa Vasco Almeida, secretário da célula do bairro Mudzingaze.

Ainda segundo Vasco Almeida, vários contactos tem vindo a ser mantidos com o governo municipal e da cidade para "corrigir a situação" para evitar maiores danos e perdas de infraestruturas no local, em prejuízo da população daquele bairro.

Em declarações à Lusa, Carlos Mualia, administrador da cidade de Chimoio, disse que um plano está em carteira para evitar a destruição do cemitério, de mais de 40 anos, em paralelo com a construção de barreiras na cratera.

"As obras serão terminadas e, para evitarmos que a fúria das águas destrua o cemitério, teremos que fazer um trabalho adicional para criar barreiras nas proximidades daquele lugar", assegurou à Lusa Carlos Manlia.

O bairro Mudzingaze foi o que mais sofreu danos, destruição inteira e parcial de casas, a maioria construídas de material precário, na fúria das últimas chuvas, tendo deixado muitas famílias alojadas de forma desumana, com paredes abertas e ou por debaixo das árvores.

Novo terminal doméstico do Aeroporto de Maputo estará pronto em outubro

PMA - Lusa

Maputo, 21 abr (Lusa) - O novo terminal doméstico do Aeroporto Internacional de Maputo, orçado em cerca de 24 milhões de euros, vai estar pronto em outubro, assegurou o responsável pelo projeto de modernização do empreendimento.

Uma vez em funcionamento, o novo terminal será dotado de duas pontes ligando a pista ao alpendre, amplos espaços para lojas de conveniência, restaurantes, sala de comunicações, sala de reuniões, escritórios, entre outras facilidades, ocupando 13.200 metros quadrados.

A nova estrutura está numa zona autónoma do terminal internacional, que foi recentemente inaugurado, marcando uma diferença com a anterior situação, em que os dois terminais funcionavam no mesmo edifício.

Em relação ao antigo terminal, "a diferença fundamental está no planeamento do espaço, pois no novo edifício há maior disponibilidade de espaço e uma margem de colocação de novos serviços, mais tarde", disse o diretor do Projeto de Modernização do Aeroporto Internacional de Maputo, Acácio Tuende, durante uma visita guiada aos jornalistas.

Ao nível da obra, assinalou Acácio Tuende, o terminal segue um padrão de material mais moderno, com uma cobertura de alumínio climatizada e em condições de proporcionar isolamento sonoro, pilares de betão armado e um chão de ladrilhos de granito.

As fachadas principais, bem como as paredes dos diversos compartimentos do terminal, serão de vidro, acrescentou Acácio Tuende.

Quando estiver aberto, o terminal doméstico vai aumentar em 40 por cento o volume de tráfego do Aeroporto Internacional de Maputo, passando este a movimentar por ano cerca de quatro milhões de passageiros.

"O terminal doméstico estará preparado para receber 300 partidas e 225 chegadas por dia", acrescentou o diretor do Projeto de Modernização do Aeroporto Internacional de Maputo.

Para se evitarem as infiltrações de água que se verificaram pouco tempo depois da inauguração do terminal internacional, o material usado nas curvas e nas ligações da nova estrutura está a ser reforçado e estão a ser construídas abas para depositar a água, disse Acácio Tuende.

Tal como o terminal internacional, a gare doméstica está a cargo da construtora chinesa AFECC, cujo país está a financiar o projeto de modernização do empreendimento, num valor global de mais de 90 milhões de euros.

Nas obras do terminal doméstico, trabalham 160 moçambicanos e 140 chineses.

O projeto de modernização do Aeroporto Internacional de Maputo inclui igualmente a repavimentação da pista e o aumento das bermas do caminho de circulação, para dar maior liberdade aos reatores dos aviões, informaram os técnicos responsáveis pelo projeto.

Quercus produz Minuto Verde em Maputo

MMT - Lusa

Maputo, 21 abr (Lusa) - Uma equipa da Quercus, associação ambiental portuguesa, está em Moçambique para produzir 22 episódios do programa Minuto Verde para a Rádio e Televisão Portuguesa (RTP).

A Quercus irá produzir nove programas do Minuto Verde e um documentário dedicado ao Parque Nacional da Gorongosa, um dos mais importantes de África, disse à Lusa o responsável da Quercus, Francisco Ferreira.

A iniciativa enquadra-se no vasto plano da Quercus de realizar o Minuto Verde em todos os Estados da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), apoiada pela Fundação Gulbenkian e empresas portuguesas, afirmou Francisco Ferreira.

Até ao dia 29 de abril, a equipa da Quercus irá filmar em algumas zonas urbanas e periurbanas da cidade de Maputo e da Matola, arredores da capital moçambicana, onde há sinais de más práticas de preservação ambiental, ou de danos causados pelas mudanças climáticas, como por exemplo o bairro da Costa do Sul, atingido pela erosão.

"O objetivo é dar conselhos para que as pessoas possam mudar de comportamento em relação à conservação ambiental. Vamos tocar nos valores naturais de modo a consciencializar as pessoas", disse o responsável da Quercus.

O programa Minuto Verde da Quercus é acompanhado pelos telespetadores da RTP, que tem sinal aberto em toda a CPLP, por isso Francisco Ferreira admite que "os conselhos dados têm tido um grande impacto nestes países".

"Enquanto andávamos pela cidade de Maputo fomos interpelados por pessoas que nos perguntavam se somos do Minuto Verde", exemplificou Francisco Ferreira, justificando o interesse com o facto de "os problemas ambientais que estão aqui [em Moçambique] em jogo serem comuns" aos diversos países.

De resto, o Minuto Verde "tem funcionado muito bem, porque é um programa com uma mensagem muito direta, curtinha e faz um alerta para um problema sério", afirmou o ambientalista.

Contudo, durante a produção dos programas em Moçambique, "teremos a preocupação de usar uma linguagem que todos percebam", afirmou.

Nesta viagem pelos países da CPLP, a Quercus pretende também estabelecer contactos com organizações não-governamentais pró-ambiente para renovar a ideia de criação de uma rede lusófona virada para esta área, assegurou.

A Quercus já produziu em Portugal mais de 1500 episódios do programa Minuto Verde e, em 2013, deverá fazer filmagens sobre ambiente em São Tomé e Príncipe, Angola ou Timor-Leste.

Sem comentários:

Mais lidas da semana