quarta-feira, 4 de abril de 2012

NEM MENTIR SABEM OU SÓ SABEM MENTIR



António Fernando Nabais - Aventar

A austeridade imposta pelo governo é necessária, como já foi amplamente demonstrado e como o futuro demonstrará. Vivemos todos acima das nossas possibilidades. Os sacrifícios estão distribuídos de maneira equilibrada pelos cidadãos portugueses. Estas e outras mentiras foram afirmadas por membros do actual governo, depois das promessas de Passos Coelho.

Tinha ficado estabelecido que os cortes dos subsídios de férias e de Natal teriam lugar em 2012 e em 2013. O Ministro das Finanças, hoje, confirmou isso. Passos Coelho, posteriormente, declarou que a reposição desses mesmos subsídios só terá lugar em 2015 e disse-o como se nunca tivesse ficado estabelecido que o corte terminaria em 2013.

Na televisão, dois comentadores, face a esta situação, começaram por se preocupar com a descoordenação do governo e soltaram alguns lamentos compreensivos.

Deixem-me dizer o que penso de uma forma clara e demasiado crua para o meu gosto: quero que se foda a descoordenação do governo, se é que ela existe. Passos Coelho, cobardemente, nem sequer soube inventar uma mentira piedosa, qualquer coisa do género “Afinal, refizemos as contas e o corte dos subsídios vai ter de se prolongar.” Nada. Com o mesmo descaramento com que prometeu em campanha que não subiria impostos, continua, impunemente, acompanhado por uma clique de mentirosos, a prejudicar o país, porque é disso que se trata. Em Belém, aquele que não interessa sequer nomear continua a desempenhar o papel de uma esfinge que não esconde mistério nenhum.

Este é um desabafo demasiado pessoal de alguém que trabalha na Função Pública? Também. Como sou demasiado contido, não vou ser, ainda, mais pessoal e não vou deixar escapar todos os insultos que gostaria de dirigir à gentinha que está no governo. Faço, apenas, um desafio, ao leitor: pense no pior insulto que possa imaginar. Já está? Não se compara a nada do que eu esteja a pensar.

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