O Conselho de Segurança das Nações Unidas saudou os esforços da missão técnico-militar angolana (MISSANG) no sentido “de se conseguir a paz e a estabilidade” na Guiné-Bissau e admitiu o envio de uma força multinacional, bem como a adopção de sanções contra os golpistas.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas ameaçou adoptar sanções contra os golpistas na Guiné-Bissau e apoiar o envio de uma força militar conjunta, se o poder político não for restituído em oito dias.
“O Conselho mantém-se firme e preparado para considerar possíveis medidas incluindo sanções contra os responsáveis e apoiantes do golpe militar, caso a situação se mantenha”, refere a declaração do Conselho de Segurança sobre a situação na Guiné-Bissau, documento que apoia outras medidas para a “estabilização” do país.
“O Conselho de Segurança está a par das decisões no seguimento das consultas entre a Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), União Africana, Nações Unidas, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e outros parceiros para a tomada de medidas adicionais que permitam a estabilização do país, conforme os pedidos que foram formulados pelas autoridades legítimas da Guiné-Bissau”.
Cimeira anulada
A cimeira sobre a crise na Guiné-Bissau que devia realizar-se hoje em Conacri, com a participação de Chefes de Estado de África Ocidental, foi anulada, informou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné Conacri. “Perante a grave decisão tomada pela junta militar de nomear um presidente da República, de criar um Conselho Nacional de Transição e de estabelecer um período de transição de dois anos, o mediador, Presidente Alpha Condé (da Guiné Conacri), decidiu remeter a questão para a reunião de Abidjan, a 26 de Abril”, disse Edouard Nyankoi Lamah.
A 26 de Abril, os presidentes dos países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) reúnem-se em Abidjan numa cimeira extraordinária dedicada às crises no Mali e na Guiné-Bissau.
Em relação à Guiné-Bissau, a CEDEAO condenou a criação de um Conselho Nacional de Transição, denunciando uma “usurpação do poder” pelos responsáveis pelo golpe de Estado de 12 de Abril.
Parlamento português
O ministro da Defesa português, Aguiar Branco, vai ao Parlamento na próxima sexta-feira para discutir com os deputados a situação na Guiné-Bissau, numa reunião à porta fechada, disse à agência Lusa fonte parlamentar.
A audição de Aguiar Branco com os deputados da comissão parlamentar de Defesa está marcada para as 9h00, antes do debate quinzenal com o primeiro-ministro.
No domingo passado, Portugal enviou para a zona da Guiné-Bissau três meios navais (a corveta Baptista de Andrade, a fragata Vasco da Gama e o navio abastecedor Bérrio) e duas aeronaves (um P3 Oríon e um Hércules C130) para a Ilha do Sal, em Cabo Verde, no âmbito da sua Força de Reacção Imediata (FRI).
Os três navios chegaram à costa oeste africana no final da semana e não existe qualquer previsão sobre uma operação de evacuação de cidadãos portugueses na Guiné-Bissau.
Manifestação em Lisboa
Uma manifestação pela paz na Guiné-Bissau juntou milhares de pessoas no sábado em Lisboa, o que provocou cortes de trânsito no centro da capital portuguesa.
O acesso à praça do Rossio foi interditado pela Polícia de Segurança Pública e na Rua do Ouro, também na Baixa, não se circulava devido à presença dos manifestantes. “Não queremos ser reféns dos militares, temos de ser donos do nosso destino - viva a liberdade, viva a Guiné-Bissau”, lia-se num dos muitos cartazes empunhados pelos manifestantes em protesto contra o golpe militar de 12 de Abril.
A manifestação de repúdio pelo golpe de Estado naquele país africano foi promovida pela comunidade guineense residente em Portugal.
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