O congresso constitutivo da recém-formada Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA) terminou com o presidente do partido, Abel Chivukuvuku, a prever um novo executivo para acabar com “32 anos de poder não eleito”.
Cerca de 690 delegados vindos de todo o país e do estrangeiro estiveram presentes no congresso da CASA para debater as linhas de força da nova formação fundada por Abel Chivukuvuku, ex-dirigente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), atualmente o maior partido da oposição angolana.
Na cerimónia de encerramento do congresso que teve lugar esta terça-feira (03.04), em Luanda, o presidente da CASA discursou dizendo que este ano nascerá um “novo governo de natureza patriótica” para acabar de forma pacífica e ordeira com os “32 anos de poder ininterrupto e nunca eleito” do atual presidente José Eduardo dos Santos.
Terceira força partidária de Angola?
A CASA foi apresentada em meados de março e é uma coligação política inicialmente formada por quatro partidos e cidadãos angolanos independentes. Chivukuvuku apresentou o projeto político como uma terceira via face ao partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), e à UNITA. As duas partes foram as principais protagonistas da guerra civil angolana, que terminou no dia 4 de abril de 2002.
Contrariando a pretensão dos líderes do novo partido e também algumas projeções não oficiais reveladas aquando do lançamento da nova formação política, o analista angolano Nelson Pestana considera, no entanto, que a CASA não é a terceira alternativa partidária em Angola.
Em entrevista à DW África, o analista considera que, para já, o novo partido “está a tentar fazer um discurso de ampla frente, mobilizando vários estratos sociais”, mas defende que “para se afirmar, vai ter que encontrar o seu espaço situando o discurso político num discurso alternativo ao discurso do MPLA, da UNITA, do Bloco Democrático, do Partido de Renovação Social (PRS), da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e do Partido Popular”. Para Nelson Pestana, “a CASA tem um espaço, pode vir a crescer um pouco mais, vai ter o seu eleitorado, mas não é um ideário político nacional. Isso seria um exagero.”
Orientação política próxima da UNITA
Por enquanto, Nelson Pestana não vê diferenças muito grandes de orientação política entre a CASA e a UNITA, a não ser em termos de estrutura física, por exemplo. A UNITA tem representantes em todo o país, enquanto que a CASA, apesar de ter figuras de peso da política angolana, ainda terá de começar a se fazer conhecer no país ocidental africano.
“Para já, as ideias fortes do líder da CASA são as ideias que ele sempre defendeu também no seio da UNITA e, portanto, até aí não há grande diferença”, esclarece. No entanto, com o desenvolvimento da organização e com o seu posicionamento no terreno da luta política, “algumas diferenças podem vir a agudizar”, prevê Pestana. “Não [serão] diferenças orgânicas, mas diferenças de pensamento. E há, nesse sentido, um certo risco de vermos aqui uma `UNITA diz´, em vez de uma outra organização”, diz.
Diálogo com setores “inquietos” entre os desafios
No blog anticorrupção Maka Angola, o autor Maurílio Luilele faz uma análise dizendo que um dos desafios da CASA será manter o diálogo com representantes dos modelos tradicionais da política angolana, além de se aproximar de setores da sociedade mais efervescentes e inquietos, sobretudo entre a juventude que, a julgar pelos protestos contra o governo angolano, parece cada vez mais inconformada com um sistema de controle ideológico.
Segundo Nelson Pestana, a CASA já não está a conseguir aproximar-se desses setores mais inquietos da sociedade porque tem uma tradição de luta política que o analista chama de “palaciana”. A imagem que os políticos da CASA teriam da chamada “luta política de rua” seria uma imagem de criação de caos, de falta de ordem na alternância política. Porém, por causa da atual efervescência política em Angola, a CASA provavelmente deverá mudar o discurso para se adaptar a esse público, afirma o analista.
Por outro lado, diz Pestana, a luta da CASA também será no interior do novo projeto político e a grande dificuldade de Chivukuvuku será, por isso, gerir a unidade da CASA, as suas várias componentes. “Ele tem uma componente forte, que é a componente que vem da UNITA, e o aceitam claramente como líder, mas ele tem outros parceiros que são mais problemáticos do ponto de vista político e moral. E essa vai ser uma das grandes dificuldades do Abel Chivukuvuku quando o presidente José Eduardo dos Santos começar a alienar essas lideranças com envelopes mais ou menos gordos”, vaticina.
O analista pondera, porém, que a representatividade plural de vários partidos na Assembleia Nacional angolana é positiva.
Fazer a diferença nas eleições
O jornalista e analista luso-angolano Orlando Castro acredita, por seu lado, que o discurso da CASA deverá encontrar eco entre os jovens, mesmo que não sejam estes jovens que decidam as eleições, e sim a grande maioria da população angolana mergulhada na pobreza. Tal população votaria na situação porque, segundo Castro, não quer esperar “que a fome acabe em cinco anos, como promete a CASA. Essa população precisa comer amanhã.”
Por outro lado, Orlando Castro acha que a CASA poderá fazer a diferença nas eleições angolanas, previstas para setembro deste ano. “Obviamente não vai ser nenhuma vitória sobre a UNITA, muito menos sobre o MPLA (...). A Casa pode continuar a sua trajetória, no próximo ato eleitoral marcar de fato a diferença e congregar à sua volta grande parte da população angolana, nomeadamente as gerações mais novas. Acredito que o Abel Chivukuvuku será capaz de levar adiante esse projeto.”
Autora: Renate Krieger - Edição: Madalena Sampaio/António Rocha
3 comentários:
boa tarde a onde posso tratar o escrever-me como menbro do partido casa
Oi amigo anonimo, para ser membro da Coligaçao CASA, por enquanto o website esta em construçao. Mas pode escrever-me neste endereço patriota-liberal@hotmail.com e vou dar-te os dados de dirigentes do movimento para poderes aderir na CASA. Obrigado e viva a CASA de todos nos...
ola casa o futuro de angola,sou do Namibe é preciso o inderece das vocas estalações nesta provincia.
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