quarta-feira, 18 de abril de 2012

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 74



Martinho Júnior

NA AMÉRICA, OS “FEITIÇOS” ESTÃO A VOLTAR-SE CONTRA OS “GRANDES FEITICEIROS”

Os Estados Unidos, por via da Administração Democrata de Barack Hussein Obama, cada vez está mais isolado nos seus argumentos em relação a Cuba, argumentos que se fundamentam na consideração de que “Cuba continua a ser um estado totalitário”!... (http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/obama-%E2%80%98cuba-continua-sendo-um-estado-autoritario%E2%80%99).

O progressivo isolamento, a caminho de “bloqueio”, dos Estados Unidos, por causa da sua “ideia fixa” em relação a Cuba, que está a provocar o “efeito boomerang”, acontece não só conforme a expressão das Assembleias Gerais da ONU que anualmente têm abordado o tema, mas em todos os fóruns continentais, incluindo neste da Organização dos Estados Americanos, onde Cuba está excluída apenas por sua vontade de ingerência, de manipulação e de persistente arrogância, sem ética, nem moral, nem vergonha! (http://content.usatoday.com/communities/theoval/post/2012/04/latin-nations-object-to-obamas-cuba-policy/1).

Esse contencioso ficou agora ainda mais evidente na Cimeira das Américas em Cartagena das Índias na Colômbia, realizada a 14 e 15 de Abril de 2012, onde uma série de temas não obtiveram consenso, sobretudo o facto de Cuba continuar excluída da OEA e por isso não houve qualquer declaração final! (http://news.yahoo.com/scandal-mars-obamas-wooing-latin-america-002040977.html).

O anfitrião da VIª Cimeira das Américas, Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos terá deixado bem claro logo no início dos trabalhos, que é inaceitável outra Cimeira sem a presença de Cuba, o que se assemelha a um “ultimatum” visando a que os Estados Unidos revejam as suas políticas em relação a Cuba, mas também em relação a outros contenciosos correntes do continente americano. (http://correiodobrasil.com.br/%e2%80%9ce-inaceitavel-outra-cupula-das-americas-sem-cuba%e2%80%9d/432737/).

O Presidente da Bolívia Evo Morales, na esteira do Presidente anfitrião Juan Manuel Santos, acusou a propósito os Estados Unidos de estarem a manter uma ditadura em relação a Cuba, uma ditadura que não é aceite por toda a América Latina e só é apoiada pelo Canadá. (http://www.presidencia.gob.bo/noticia2.php?cod=1186).

O outro impasse político registou-se em relação à legítima reclamação da Argentina sobre as Malvinas, que é apoiada pela maioria… à excepção ainda dos Estados Unidos e Canadá… com o “esquecimento deliberado da Colômbia”, o que mereceu o reparo da Presidente da Argentina, à despedida e de forma a não fazer parte da foto oficial… (“Te olvidaste de Malvinas” – http://www.clarin.com/politica/Cristina-saco-foto-Cartagena_0_682731972.html).

De impasse em impasse, a hegemonia foi visivelmente (e em tempo oportuno) posta em causa pela Presidente do Brasil Dilma Roussef, que sintetizou: “não há diálogo entre desiguais” (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=953).

Se adicionarmos a tudo isso a ausência previamente anunciada do Presidente do Equador Rafael Correa, conforme carta que previamente endereçou ao Presidente anfitrião, cujo conteúdo faço constar em anexo… (http://www.cubadebate.cu/noticias/2012/04/02/correa-no-va-a-la-cumbre-de-las-americas/).

É sintomático que 200 anos após as primeiras declarações de independência, que só agora ela começa efectivamente a ser exercida nas Américas, empenhados os estados por um lado nos processos de integração, por outro em expedientes sociais de aprofundamento das suas democracias jamais sentidos pelos seus povos, o que é exemplar para todos os processos justos correntes no Mundo sem excepção (incluindo nos próprios Estados Unidos, que nos processos intestinos se vêem a braços com organizações como a “Occupy Wall Street”!!!

Para que isso fosse possível a Revolução Cubana e o povo cubano tiveram um papel histórico fundamental ao longo de mais de 50 anos, desde o início da sua saga revolucionária contemporânea, sobretudo pela lucidez, inteligência, coragem e resistência que souberam sempre manter face aos interesses e arrogância do império.

A Revolução Cubana levou a cabo a nível interno e para fazer face às investidas, uma ampla democracia participativa, cujo único “lobby” é a própria Revolução, que não é reconhecida como modelo, logicamente, pelo império, mas cujo exemplo vai sendo integrado no aprofundamento das muitas democracias latino americanas, que sabem que as “representativas” têm carregado os ónus político-sociais das ingerências, seja por via de ditaduras que recorrem a operações como a “Condor”, até “democracias representativas” onde proliferam os fantoches norte americanos agenciados nas mais diversas oligarquias locais…

A ironia da história foi apreciada pelo Comandante Fidel da forma muito requintada, com uma das suas proverbiais reflexões (http://pt.cubadebate.cu/reflexoes-fidel/2012/04/15/cupula-das-guayaberas/):

… “Hoje, sexta 13, escutei valentes palavras pronunciadas por vários dos oradores que intervieram na reunião de chanceleres da chamada Cúpula de Cartagena. O tema dos direitos soberanos da Argentina sobre Las Malvinas ― cuja economia é brutalmente golpeada ao ser privada dos valiosos recursos energéticos e marítimos dessas ilhas ―, foi abordado com firmeza. O chanceler venezuelano Nicolás Maduro, ao concluir a reunião de hoje, declarou com profunda ironia que, do Consenso de Washington se passou para o Consenso sem Washington.

Agora temos a Cúpula das guayaberas. O rio Yayabo e seu nome indígena, totalmente reivindicado, passarão à história”.

Os Estados Unidos e o Canadá, paladinos de democracias que afinal têm enormes dificuldades quando entre iguais se condensa um transparente diálogo e consenso, merecem o “ultimatum”: se até à VIIª Cimeira das Américas da Organização dos Estados Americanos continuar Cuba a não poder participar por imposição dos Estados Unidos, não haverá Cimeira!...

Os reveses dos Estados Unidos na América, contrastam com os êxitos relativos das suas geo estratégias e das dos seus aliados em África: enquanto a integração latino americana se vai consubstanciando numa integração pan-americana, o mapa de África é redesenhado e começa a ser retalhado, reeditando em pleno século XXI, duma forma não declarada e dolorosa, a colonial Conferência de Berlim dos finais do século XIX!

Se na América até os “feitiços” se estão a voltar, com toda a propriedade substantiva do termo “pau-latinamente”, contra os “grandes feiticeiros”, que se acautelem aqueles que em outras paragens, África incluída, são apenas, demasiado obviamente, recentes, pouco experimentados e por isso muito imprudentes “aprendizes de feiticeiro”!...

 “Señor Doctor

Juan Manuel Santos

Presidente Constitucional de la República de Colômbia

Estimado Presidente y amigo:

Valoro y agradezco profundamente su gentil y reiterada invitación a la VI “Cumbre de las Américas”, a celebrarse en la hermosa Cartagena de Indias los días 14 y 15 de abril. Lamentablemente, pese a que en la V Cumbre de las Américas, celebrada en Trinidad y Tobago del 17 al 19 de abril de 2009, se rechazó la incomprensible exclusión de la República de Cuba de las cumbres americanas, una vez más, este país hermano no ha sido invitado.

Por definición, no puede denominarse Cumbre de las Américas a una reunión de la cual un país americano es intencional e injustificadamente relegado. Se ha hablado de falta de consenso, pero todos sabemos que se trata del veto de países hegemónicos, situación intolerable en nuestra América del Siglo XXI.

De igual manera, es inaceptable que en estas cumbres se soslayen temas tan fundamentales como el inhumano bloqueo a Cuba, así como la aberrante colonización de las Islas Malvinas, los cuales han merecido el rechazo casi unánime de las naciones del mundo.

Jamás buscaríamos ocasionar el más mínimo problema ni a su gobierno ni a nuestra querida Colombia. Se trata, como decía Bolívar, de sentir verdaderamente que la Patria es América, y en algún momento comenzar a denunciar y enfrentar con fuerza estas, repito, intolerables y hasta aberrantes situaciones. Por ello, después de haber reflexionado detenidamente, he decidido que, mientras sea Presidente de la República del Ecuador, no volveré a asistir a ninguna Cumbre de las Américas, hasta que se tomen las decisiones que la Patria Grande nos exige.

Nuestros pueblos bien pueden cansarse de que sus mandatarios estén en tantas cumbres, mientras todavía existen demasiados abismos por superar, como la pobreza e inequidad que todavía mantienen a América Latina como la región más desigual del mundo; la ineficaz estrategia de lucha contra el problema mundial de las drogas; la profunda transformación del Sistema Interamericano de Derechos Humanos, hoy celador de intereses ajenos a sus principios fundacionales; la vigencia de una verdadera libertad de expresión que no se encuentre reducida a los intereses de los negocios dedicados a la comunicación social; o, la completa supremacía del capital sobre los seres humanos, como lo demuestra la crisis hipotecaria en España, que afecta a centenares de miles de ciudadanos, entre ellos muchos migrantes latinoamericanos.

Esperamos que nuestra ausencia sea una cordial invitación a debatir lo esencial y a actuar en consecuencia, ratificando el aprecio y respeto que sentimos por todos nuestros colegas, Jefas y Jefes de Estado del Continente, queridos amigos con quienes compartimos sueños de mejores días para nuestros pueblos.

Deseamos, por el bien de la región y del mundo, que la Cumbre de Cartagena sea exitosa. El deseo de acompañarles es enorme, sólo superado por la firmeza de nuestras convicciones.

¡Hasta la victoria siempre!

Rafael Correa Delgado

Presidente Constitucional de la República del Ecuador

Quito, abril 2 de 2012”.

1 comentário:

Anónimo disse...

América Latina vive ahora en consenso sin Washington

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En entrevista concedida a la cadena televisiva CNN en el Palacio de Carondelet, Correa reiteró que Cuba es una nación que ha sido vetada de este foro continental por presiones de países como Estados Unidos y Canadá.
“Un país americano, por capricho de otro país, excluido de la Cumbre de las Américas, entonces que se llame cualquier otra cosa, conversatorio con Estados Unidos, pero que no se llame Cumbre de las Américas”, señaló.

...

Agregó que respeta mucho al presidente Obama y lo considera una buena persona, pero que no está de acuerdo con ciertas actitudes relacionadas con la política internacional.
“¿Quién es él para convertirse en árbitro del bien y el mal o decidir qué es dictadura, qué es democracia? íYa basta! Yo creo que la historia nos ha enseñado bastante sobre la doble moral que ha tenido Estados Unidos en cuanto a relaciones internacionales”, indicó.
Aseguró que es incorrecto pensar que la democracia occidental es el único modelo a seguir y en ese contexto los primeros en saber qué cambios necesita Cuba son sus autoridades y su pueblo.
“Nadie les va a imponer esos cambios, ellos lo van a decidir soberanamente”, indicó, y agregó que es claro que el cerco comercial a ese país es un atropello al derecho internacional, a los derechos humanos y a la soberanía de Cuba.
Señaló que discursos de países como Estados Unidos reflejan doble moral porque “se pasan hablando de los derechos humanos y qué peor atentado a los derechos humanos que la tortura en Guantánamo”.

http://www.cubadebate.cu/noticias/2012/04/17/rafael-correa-america-latina-vive-ahora-en-consenso-sin-washington/

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