sexta-feira, 13 de abril de 2012

Situação "estranha" e reveladora da "pouca vontade" de mudança - guineenses em Macau



JCS - Lusa

Macau, China, 13 abr (Lusa) - A situação na Guiné-Bissau "é estranha" e revela a "pouca vontade" de mudança de um punhado de pessoas que pretende manter refém toda uma população, considerou o presidente da Associação dos Amigos e Naturais da Guiné-Bissau em Macau.

"Tudo isto é muitos estranho. Há movimentação de militares, mas não há uma certeza do que aconteceu ou está a acontecer verdadeiramente", assinalou António Barros que já contactou com familiares no país e que possuem dúvidas sobre os acontecimentos.

Para António Barros, seja o que for "é muito estranho que numa altura em que o país se prepara para a segunda volta das presidenciais aconteçam estes movimentos".

"Há, de facto, uma pouca vontade de mudança de um punhado de pessoas que mantêm em escravatura 1,6 milhões de habitantes, há pessoas que não querem mudar, que não pretendem a manutenção do Estado de Direito", vincou.

O mesmo responsável, residente há vários anos em Macau, acrescentou também que a população guineense "é trabalhadora e mesmo em instabilidade o crescimento económico do país é assinalável ao poder variar este ano entre os três e os cinco por cento".

"Mesmo nesta situação nota-se uma grande evolução, percebe-se que há trabalho feito e há que continuar a apostar no desenvolvimento e por isso não se percebe muito bem o que está a acontecer, o que se pretende e que movimentações são estas e contra quem", concluiu.

A cidade de Bissau regista desde a noite de quinta-feira, movimentações militares com registo de tiroteios e utilização de armas pesadas junto à residência de Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro e candidato às eleições de 29 de abril. A rádio e televisão públicas têm as emissões suspensas, as embaixadas, incluindo a portuguesa, estão cercadas por militares, várias artérias foram bloqueadas, mas não há ainda qualquer confirmação oficial sobre as causas destas ações.

Apenas a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sustenta tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado na véspera da campanha para a segunda volta das presidenciais que Kumba Ialá, o segundo candidato mais votado, já anunciou ir boicotar.

A população conheceu momentos de pânico mas continua a poder comunicar com o exterior nas diversas plataformas e mantém-se o fornecimento de energia. O Hospital Simão Mendes, o único da capital, não recebeu mortos nem feridos. O paradeiro dos principais dirigentes políticos do país é incerto.

Numa primeira reação, o Governo português fez um "veemente" apelo ao fim de todos os atos de violência e que as informações sobre a situação na capital "são ainda incertas.

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