Secundino Cunha – Correio da Manhã, com foto
D. Basílio do Nascimento, Bispo de Baucau, sobre vitória de Taur Matan Ruak nas presidenciais de Timor-Leste
Correio da Manhã – Como analisa a vitória de Taur Matan Ruak?
D. Basílio do Nascimento – Foi uma vitória esperada e penso que será bem aceite pelo povo.
– Não houve incidentes. É um sinal de maturidade?
– De certa forma, sim. Para um país com dez anos, é de assinalar. Agora, tenho receio é das legislativas de Julho.
– Porquê?
– Porque vão ser disputadas por 24 partidos, o que, para um país como o nosso, é um número demasiado grande, e é praticamente certo que nenhum conseguirá a maioria.
– E prevêem-se difíceis coligações pós-eleitorais...
– Não se prevêem fáceis, mas isso também irá depender de quais forem as forças políticas mais votadas e de quantas forem necessárias para fazer uma maioria.
– Como caracteriza Timor uma década após a independência?
– É um país rico com população pobre e muito carente de infra--estruturas.
– Tem sido mal gasto o dinheiro oriundo do petróleo?
– Não direi isso. O que acontece é que Timor tem uma grande escassez de quadros, o que faz com que tenhamos fracas redes de saúde, educação, etc.
– Boa parte dos países com petróleo têm grandes problemas. Pode acontecer isso em Timor?
– Claro que pode, mas eu espero que saibamos aprender com os erros dos outros e tenho esperança de que consigamos evitar situações como as que se vivem em países da África e da América Latina. Estamos a fazer uma corrida contra o tempo, de um país que enriquece rapidamente e cuja independência foi, digamos, inesperada.
– Como está a Igreja em Timor?
– Vivemos uma fase boa. 97% da população é católica e ordenam-se 25 padres por ano.
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