Contrariando a posição da Comunidade Internacional
Bissau - Fontes diplomáticas na capital guineense confirmaram ao Bissau Digital que a Nigéria se prepara para reconhecer, já hoje, 18 de Abril, o novo Governo de Transição da Guiné-Bissau, logo após a assinatura do acordo entre militares e partidos da oposição.
A atitude nigeriana poderá ser seguida por outros países membros da organização regional CEDEAO, contrariando assim a posição das Nações Unidas e restante Comunidade Internacional.
A confirmar-se o reconhecimento nigeriano, trata-se de uma atitude contrária aos princípios defindidos internacionalmente pela CEDEAO.
Mas a verdade é que um olhar mais atento ao recente comportamento da organização internacional em casos semelhantes deixa antever um cenário de ruptura com a estabilidade democrática.
No Mali, onde o recente Golpe de Estado abanou um país aparentemente estável, a CEDEAO prontificou-se a condenar publicamente a acção dos revoltosos. No entanto, nos bastidores, decorreram conversações e negociações intensas para colocar os homens chave nos lugares chave, para assim cimentar a posição regional da organização. Em Bissau, o cenário poderá não diferir muito.
Depois do Golpe de Estado liderado pelos militares do auto-intitulado «Comando Militar», o que está previsto é o retorno da ordem Constitucional.
Mas o que está em causa é que esta ordem constitucional concretiza o Golpe de Estado, uma vez que sob uma capa de legalidade, afasta elementos indesejados, e substituiu-os por outros de tendências políticas ou étnicas mais próximas das dos militares e organizações regionais.
Daí, os fortes indícios de que Serifo Nhamadjo, candidato presidencial derrotato na primeira volta e favorito da CEDEAO, possa ser o escolhido para o mais alto cargo da nação guineense.
Ao reconhecer como legítimo este novo estilo de Golpe de Estado, a CEDEAO está na prática a legitimar os Golpes de Estado na região, sejam eles na Guiné-Bissau, Mali, ou noutros em que existam clivagens entre militares e Governos democraticamente eleitos.
Na Guiné-Bissau, a atitude da CEDEAO é tanto mais grave uma vez que o país se encontrava a meio de umas eleições presidenciais cuja primeira volta, todos os observadores internacionais tinham considerado como justa e democrática.
Além disso, a CEDEAO pretenderá também, através da concertação como Comando Militar e Serifo Nhamadjo, garantir o afastamento de Angola da Guiné-Bissau, para dessa forma, garantir que as tropas angolanas abandonem a zona de influência da África Ocidental. Tudo razões que autorizam o “fechar de olhos” ao Golpe de Estado em Bissau.
O que o passado recente da Guiné-Bissau ensinou à comunidade internacional é que uma actuação isolada poderá resultar no imediato, mas nunca a longo prazo. Daí o erro que é agora o posicionamento da CEDEAO, que decidiu ignorar duas partes importantes da equação para a solução do problema guineense.
Por um lado a CPLP, a organização dos países lusófonos onde a Guiné se enquadra e cujos países como Portugal, Brasil e Cabo Verde, principais parceiros de desenvolvimento em Bissau, têm relações históricas e afectivas difíceis de quebrar mesmo por factores externos à dinâmica guineense. Por outro, Angola.
De promessa de redentora de todos os problemas das Forças Armadas guineenses, Angola tornou-se agora no bode expiatório justificador de todas as acções, incluindo alterações da ordem constitucional e detenção dos representantes do povo guineense, democraticamente eleitos nas urnas.
Rodrigo Nunes
A confirmar-se o reconhecimento nigeriano, trata-se de uma atitude contrária aos princípios defindidos internacionalmente pela CEDEAO.
Mas a verdade é que um olhar mais atento ao recente comportamento da organização internacional em casos semelhantes deixa antever um cenário de ruptura com a estabilidade democrática.
No Mali, onde o recente Golpe de Estado abanou um país aparentemente estável, a CEDEAO prontificou-se a condenar publicamente a acção dos revoltosos. No entanto, nos bastidores, decorreram conversações e negociações intensas para colocar os homens chave nos lugares chave, para assim cimentar a posição regional da organização. Em Bissau, o cenário poderá não diferir muito.
Depois do Golpe de Estado liderado pelos militares do auto-intitulado «Comando Militar», o que está previsto é o retorno da ordem Constitucional.
Mas o que está em causa é que esta ordem constitucional concretiza o Golpe de Estado, uma vez que sob uma capa de legalidade, afasta elementos indesejados, e substituiu-os por outros de tendências políticas ou étnicas mais próximas das dos militares e organizações regionais.
Daí, os fortes indícios de que Serifo Nhamadjo, candidato presidencial derrotato na primeira volta e favorito da CEDEAO, possa ser o escolhido para o mais alto cargo da nação guineense.
Ao reconhecer como legítimo este novo estilo de Golpe de Estado, a CEDEAO está na prática a legitimar os Golpes de Estado na região, sejam eles na Guiné-Bissau, Mali, ou noutros em que existam clivagens entre militares e Governos democraticamente eleitos.
Na Guiné-Bissau, a atitude da CEDEAO é tanto mais grave uma vez que o país se encontrava a meio de umas eleições presidenciais cuja primeira volta, todos os observadores internacionais tinham considerado como justa e democrática.
Além disso, a CEDEAO pretenderá também, através da concertação como Comando Militar e Serifo Nhamadjo, garantir o afastamento de Angola da Guiné-Bissau, para dessa forma, garantir que as tropas angolanas abandonem a zona de influência da África Ocidental. Tudo razões que autorizam o “fechar de olhos” ao Golpe de Estado em Bissau.
O que o passado recente da Guiné-Bissau ensinou à comunidade internacional é que uma actuação isolada poderá resultar no imediato, mas nunca a longo prazo. Daí o erro que é agora o posicionamento da CEDEAO, que decidiu ignorar duas partes importantes da equação para a solução do problema guineense.
Por um lado a CPLP, a organização dos países lusófonos onde a Guiné se enquadra e cujos países como Portugal, Brasil e Cabo Verde, principais parceiros de desenvolvimento em Bissau, têm relações históricas e afectivas difíceis de quebrar mesmo por factores externos à dinâmica guineense. Por outro, Angola.
De promessa de redentora de todos os problemas das Forças Armadas guineenses, Angola tornou-se agora no bode expiatório justificador de todas as acções, incluindo alterações da ordem constitucional e detenção dos representantes do povo guineense, democraticamente eleitos nas urnas.
Rodrigo Nunes
(c) PNN Portuguese News Network
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