segunda-feira, 28 de maio de 2012

ÁFRICA ATRAVESSA PIOR FASE DA SUA HISTÓRIA - analista



Angola Press

Luanda - A África atravessa hoje o pior capítulo da sua história por causa das crises que a assola e por se ter afastado dos ideais dos pais fundadores da Organização da Unidade Africana, em 1963, que pregavam à unidade do continente.

Essa tese foi defendida quarta-feira em Luanda pelo docente universitário Francisco Ramos da Cruz, numa entrevista à Angop na véspera da celebração do 49º aniversário da fundação da OUA, quese celebra a 25 de Maio.

Francisco da Cruz disse que apesar dessa crise de identidade não apoia a ideia dos que defendem o fim da União Africana (UA), por considerar o processo da globalização irreversível.

“Numa fase que se vive a globalização e das economias integradas, não faz sentido a África fechar-se. Estamos também numa fase que a Europa está em crise económica e financeira por ter explorado em demasia os seus recursos. E os europeus olham para a África que ainda tem largas reservas de muitos minerais”, disse.

Sustentou que o grande problema de África é o da falta de liderança e de unidade, o que tem permitido aos europeus fomentar a discórdia para justificar a sangria de muitos recursos africanos.

Segundo Francisco da Cruz tem concorrido também para crise a fuga de cérebros que vive o continente, por não ter grandes condições para motivar quadros que estudaram no exterior à regressar para contribuir no desenvolvimento dos seus países.

“Eles recebem melhores condições de vida e de trabalho no estrangeiro porque qualquer pesquisador precisa de fazer o seu trabalho e em África trabalha-se com fracas condições o que motiva muitos a ficar lá, fazendo perder muita massa cinzenta”, lamentou.

A fonte apontou ainda a falta de capacidade da África resolver os seus próprios problemas, apesar do discurso dos seus dirigentes que reclamam ser eles os protagonistas dos processos no continente.

Esta incapacidade, segundo o analista, é notória porque apesar da Carta Constitutiva da OUA e a da sua sucessora a UA, defender a manutenção de fronteiras herdadas da colonização, com a independência da Eritreia da Etiópia, em 1993, e a secessão do Sudão em Julho de 2011, abriram-se precedentes para outros casos.

Enfatizou que essa fragilidade de África de resolver os seus problemas, sem o apoio da ONU e de outras potências, é a fonte do marasmo que o continente se encontra.

A Organização da Unidade Africana (OUA) foi criada a 25 de Maio de 1963 em Addis Ababa, Etiópia, por iniciativa do Imperador etíope Haile Selassie através da assinatura da sua Constituição por representantes de 32 governos de países africanos independentes, tendo sido substituída a 9 de Julho de 2002 pela União Africana (UA).

Os objectivos da OUA expressos na sua Constituição eram a promoção da unidade e solidariedade entre os Estados africanos, assim como coordenar e intensificar a cooperação entre as nações africanas, no sentido de atingir uma vida melhor para os povos de África.

A defesa da soberania, integridade territorial e independência dos Estados africanos, a erradicação de todas as formas de colonialismo da África, a promoção da cooperação internacional, respeitando a Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, constavam, entre outros, nos objectivos da Organização da Unidade Africana.

Finalmente, a coordenação e a harmonização de políticas dos Estados membros nas esferas política, diplomática, económica, educacional, cultural, da saúde, bem estar, ciência, técnica e de defesa, eram e continuam ser os objectivos da sua sucessor a União Africana (UA).

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