quinta-feira, 3 de maio de 2012

Bissau: Sindicato dos Jornalistas fala de casos de perseguições por parte de militares



MB - Lusa

Bissau, 03 mai (Lusa) - O presidente do Sindicato de Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (Sinjotecs) da Guiné-Bissau, Mamadu Candé, afirmou hoje que há relatos de profissionais da informação que estão a ser perseguidos pelos militares autores do golpe de Estado.

O dirigente fez esta denúncia numa sessão evocativa do dia da Liberdade de Imprensa que hoje se assinala em todo mundo.

Na presença de cerca de duas dezenas de jornalistas e de elementos do gabinete integrado das Nações Unidas para a consolidação da paz na Guiné-Bissau (Uniogbis), Mamadu Candé afirmou que o golpe de Estado do passado dia 12 de abril "veio contribuir para a limitação da liberdade de expressão" no país.

"Temos informações de jornalistas como Sumba Nansil e Alfredo Maria Gomes que foram intimidados pelas notícias que veicularam logo nos primeiros dias do golpe de Estado. O Comando Militar tem-nos dito que são situações que ocorrem fora do seu controlo", disse Mamadu Candé.

O Sindicato responsabiliza o Comando Militar pela segurança da vida dos jornalistas, disse ainda Candé, sublinhando que a profissão de jornalista está ameaçada na Guiné-Bissau.

"Estamos a correr o risco de termos uma comunicação social amedrontada e sufocada", frisou o presidente do Sinjotecs.

O jornalista Sumba Nansil, chefe de redação da rádio Galáxia de Pindjiguity (estação privada) confirmou ter sido alvo de "tentativas de intimidações e perseguições" por parte de militares nos primeiros dias do golpe de Estado.

"Tenho dificuldades em confirmar se (os militares) foram ou não à minha procura na minha casa, mas no meu local de trabalho posso confirmar que foram à minha procura. Recebi essas informações através de pessoas que vivem ao pé da rádio. Tive que sair da minha casa", afirmou Sumba Nansil, um conhecido animador das manhãs da rádio em Bissau.

"Posso confirmar também outras iniciativas (por parte de militares) como ameaças por telefone e através de mensagens no meu telemóvel que recebo quase que diariamente", disse Nansil, sublinhando que mesmo com as ameaças decidiu continuar a "trabalhar livremente, mesmo tendo medo".

Sumba Nansil disse que não sabe ao certo que terá feito aos militares, mas suspeita que terá que ver com o programa que realiza na rádio Pindjiguity onde aborda diversos temas de cariz social, político, cultural e económico do país.

"Talvez alguém não tenha gostado de um ou outro programa que fiz e quer aproveitar-se desta situação que o país atravessa para fazer algo contra a minha pessoa", defendeu Sumba Nansil.

O dia 03 de maio é assinalado como o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Lewis Lukens, embaixador do Estados Unidos para o Senegal e Guiné-Bissau, considerou num comunicado divulgado em Bissau que "a liberdade dos média torna as sociedades mais saudáveis".

Sem comentários:

Mais lidas da semana