quinta-feira, 3 de maio de 2012

Ordem constitucional deve ser reposta com presidente da AR, defende ex-PM Ndafa Cabi



FP - Lusa

Bissau, 03 mai (Lusa) - O ex-primeiro-ministro guineense Martinho Ndafa Cabi defendeu hoje em Bissau o regresso à ordem constitucional na Guiné-Bissau com a Presidência da República a ser assumida pelo presidente em exercício da Assembleia Nacional, Serifo Nhamadjo.

Em conferência de imprensa, Martinho Ndafa Cabi falava em nome de um grupo de dirigentes do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) mas que a atual direção do partido não reconhece.

Participaram na conferência de imprensa, entre outros, Satú Camara (ex-ministra do Governo de Carlos Gomes Júnior) e Danilo Gomes, diretor da campanha de Serifo Nhamadjo a Presidente da República nas eleições de março passado

Ndafa Cabi disse na conferência de imprensa representar "uma sensibilidade" e não um adversário do PAIGC.

"Somos todos do PAIGC", disse, afirmando depois que já que o golpe de Estado de dia 12 de abril é um facto consumado é preciso "uma visão para projetar para o futuro" e "buscar uma solução".

"A Guiné-Bissau, como Estado soberano e independente, não pode ficar parado ao longo de muito tempo, tem de funcionar como Nação", disse, acrescentando que a solução constitucional é o presidente em exercício da Assembleia Nacional "assumir automaticamente o cargo de Presidente da República".

Serifo Nhamadjo, do PAIGC, candidatou-se a Presidente da República contra as orientações do partido, que apoiou Carlos Gomes Júnior. Recentemente, em comunicado, o partido disse que lhe tinha retirado a confiança política.

"Não somos nós a dizer isso, é a Constituição que dita isso", disse Ndafa Cabi, acrescentando que o retorno à normalidade constitucional é também o desejo da CEDEAO - Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.

"Interessa que haja união no seio do nosso partido, que continua a ser a força política dirigente desta sociedade", disse, defendendo também um governo do PAIGC e de inclusão, com outras forças políticas e personalidades independentes.

Também hoje, o PRS (Partido da Renovação Social, segundo maior partido) pediu ao PAIGC para que não poupe esforços "na busca incessante dos caminhos da paz".

O PRS "não abdicará das suas responsabilidades e assumirá todas as iniciativas que possam conduzir ao retorno da ordem constitucional, mesmo que isso implique o afastamento por motivos ponderosos de figuras eleitas", diz o partido, em comunicado assinado por Sori Djaló, presidente em exercício daquela formação política.

No comunicado exige-se que o PAIGC "assuma com realismo perante o povo guineense a responsabilidade de não poupar esforços" no sentido da busca da paz, "o que implicará necessariamente sentar à mesma mesa com abertura e humildade todos os atores da vida política nacional para a materialização e saída do atual impasse".

O PRS refere ainda que em 2003 foi deposto militarmente por um golpe de Estado um Presidente da República eleito com 72 por cento dos votos "sem que a atual classe política e a comunidade internacional, nomeadamente o PAIGC, movessem uma palha no sentido do retorno à ordem constitucional".

O partido referia-se ao golpe de Estado que depôs o então Presidente Kumba Ialá, ainda presidente do PRS.

Na altura, diz também o comunicado, a maioria dos partidos, incluindo o PAIGC ("através de Carlos Gomes Júnior, seu presidente"), precipitaram-se voluntariamente a legitimar os insurretos.

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