domingo, 20 de maio de 2012

Cabo Verde: REPROVAÇÃO DA “BOA GOVERNAÇÃO



João Silvestre Alvarenga – Liberal (cv), opinião, em Colunistas

Os resultados não surpreendem quando, no dia-a-dia, a população sofre de assaltos, furtos, roubos ofensas à integridade física, homicídios e violência de toda espécie sem que haja, ao menos, sinais de sua contenção

As próximas eleições autárquicas contribuirão para sedimentar as regras democráticas eleitorais e também sinalizar os rumos dos quadros eleitorais a serem pintados nos próximos tempos.

1. Com efeito, a oposição parte como favorita para os embates de Julho quando estarão em disputa as 22 Câmaras Municipais. O favoritismo da oposição se deve ao seu histórico de desempenho francamente positivo nas autárquicas, desde as primeiras eleições realizadas em 1991, até as últimas realizadas, em 2008. Conta ainda, a favor da oposição, o facto de deter, neste momento, a maioria e principais autarquias e, regra geral, quem parte para uma eleição estando no cargo tem vantagens sobre os oponentes e, por último e mais importante é o factor “desempenho do governo” – governos mal avaliados tendem a serem penalizados eleitoralmente e governos bem avaliados tendem a serem reconduzidos. Sabe-se que há uma correlação entre o governo nacional e seus candidatos locais, ou seja, governos nacionais bem avaliados tendem a transmitir essa força, em termos eleitorais aos seus candidatos e o contrário também tende-se a verificar – governos nacionais mal avaliados tendem a comprometer o desempenho eleitoral de seus candidatos.

2. A avaliação do desempenho do governo actual é muito negativa tanto na generalidade quanto sectorialmente: ver gráfico em cima.

3. Segundo pesquisa de opinião realizada com 1.248 eleitores, margem de erro de 3%, neste primeiro semestre, a política de segurança pública recebe uma avaliação negativa: 56,6% dos eleitores reprovam a política de segurança pública.

4. A desagregação em categorias avaliativas diz o seguinte: 46,3% avaliam o desempenho da política de segurança pública como péssimo; 17,7% avaliam-na como medíocre, 25,6% dizem que é regular, 9,3% asseguram que é boa e 1,1% consideram que é excelente.

5. Os resultados não surpreendem quando, no dia-a-dia, a população sofre de assaltos, furtos, roubos ofensas à integridade física, homicídios e violência de toda espécie sem que haja, ao menos, sinais de sua contenção.

6. Porém, A relação entre favoritismo eleitoral e resultado eleitoral não é tão directa: nas legislativas de 2011, a oposição se despontava como favorita, considerando o quadro de desemprego, violência, desigualdade e pobreza, apagões vigentes mas triunfou-se o governo; nas eleições presidenciais de Agosto passado, o partido do governo era o favorito, porém, meteu os pés pelas mãos e deu no que deu. Agora, todos sabem que favoritismo ajuda mas não ganha eleição!

7. Eleições, em condições normais, sem fraudes nem práticas não ortodoxas se ganham com estudos, conhecimento, estratégia e muito trabalho.

A “boa governação” impera em meio a uma oposição tão “camarada” quanto os próprios “camaradas”!

JOÃO SILVESTRE ALVARENGA | joaostav@hotmail.com

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