Lusa
Camberra, 25 mai (Lusa) - O primeiro dia da visita oficial do Presidente da República à Austrália foi carregado de simbolismo, com uma visita ao memorial de homenagem aos mortos de guerra e a plantação de um sobreiro, tudo sob temperaturas a rondar os 5 graus.
Em Camberra, onde aterrou na quinta-feira à noite, a manhã de Cavaco Silva começou com a visita ao Australian War Memorial, onde, ao longo de dois grandes corredores, estão inscritos os nomes dos mais de 100.00 australianos mortos em conflitos em todo o mundo, começando com a I Guerra Mundial e estendendo-se até às mais recentes, Iraque e Afeganistão. Milhares de papoilas vermelhas enfeitam essa lista, como símbolo dos conflitos sangrentos onde muitos perderam a vida.
"Por a Austrália ser tão longe, muitas vezes não podemos trazer os nossos mortos, criámos um sítio em que todos os australianos possam tocar nos seus nomes", explicou Mary-Lou Pooley, funcionária do War Memorial, acrescentando que a ideia nasceu de um correspondente de guerra australiano na I Guerra Mundial.
Cavaco Silva depositou uma coroa de flores no memorial e seguiu para o National Arboretum, um parque criado depois de um grande incêndio em 2003 ter destruído milhares de árvores em Camberra.
Desde esse incêndio, cada chefe de Estado ou primeiro-ministro que visita a Austrália planta uma árvore neste parque nacional e Cavaco Silva escolheu o sobreiro.
"Este sobreiro é o símbolo apropriado da minha primeira visita à Austrália porque Portugal é o primeiro produtor mundial de cortiça e a Austrália é um grande produtor de vinho: para bom vinho, é preciso uma boa cortiça, somos uma boa combinação", afirmou o Presidente da República.
Com a ajuda da primeira-dama, Maria Cavaco Silva, o chefe de Estado plantou então o sobreiro, sob um vento gélido e baixas temperaturas que contrastam com os mais de 30 graus e a humidade sufocantes que se sentiram nas visitas de Estado que o casal presidencial realizou a Timor-Leste e Indonésia nos últimos dias.
"Eu sou um perito nisto", dizia Cavaco Silva, antes de pegar na pá, enquanto a primeira-dama se queixava das mãos dormentes do frio.
O Presidente da República seguiu para um ambiente mais aconchegado, a residência da Governadora-Geral da Austrália, Quentin Bryce, com quem se reuniu e almoçou.
Numa intervenção realizada no almoço, fechada à comunicação social, Cavaco Silva sublinhou os laços longínquos que unem os dois países, lembrando que há relatos da presença de portugueses na Austrália desde o século XVI.
"Nos anos 70 do século XX, muitos portugueses rumaram à Austrália, à procura de um futuro melhor e para participar na construção desta nação. Hoje, a Comunidade Portuguesa na Austrália, que amanhã encontrarei em Sidney, constituída por cerca de 50 mil pessoas, é uma comunidade dinâmica e bem integrada e que pode ser instrumental no reforço das nossas relações bilaterais", destacou.
Cavaco Silva lembrou ainda que Portugal e Austrália são os maiores doadores em Timor, partilham a mesma visão do país, reconhecendo a jovem nação como "um caso de sucesso", e manifestou a expetativa de que aumentem as relações económicas e comerciais bilaterais, por enquanto "modestas".
"Não obstante, encontramos exemplos de empresas portuguesas que são bem-sucedidas na Austrália. Devemos estar atentos a novas oportunidades, em particular de parceria, em regiões e mercados onde empresas australianas e portuguesas estejam presentes", disse.
Após o almoço, Cavaco Silva visitou o Parlamento e reuniu-se com a primeira-ministra australiana, Julia Gilliard, num encontro sem declarações aos jornalistas.
De Camberra, Cavaco Silva segue ao final da tarde para Sidney, onde o programa oficial começa no sábado, com destaque para o encontro com a comunidade portuguesa.
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