FA - Lusa
Berlim, 29 abr (Lusa) - Eugenia Timoschenko, filha da ex-primeira-ministra da Ucrânia, Julia Timoschenko, lançou hoje um apelo à comunidade internacional para que salvem a vida da mãe, há vários dias em greve de fome numa prisão ucraniana.
"Salvem a vida da minha mãe, antes que seja tarde demais", disse Eugenia Timoschenko em declarações publicadas hoje no matutino alemão Frankfurter Allgemeine.
Um tribunal ucraniano adiou no sábado, devido ao estado de saúde da ex-chefe do Governo, o julgamento do novo processo de Julia Timoschenko, condenada em 2011 a sete anos de prisão, por alegado abuso de poder durante o seu mandato.
Os advogados da ex-chefe do Governo comunicaram que ela não está em condições de ser julgada, e renovaram o apelo para que Julia Timoschenko possa viajar para Berlim para receber a devida assistência médica, como recomendaram médicos do hospital universitário Charité da capital alemã, depois de a terem visitado pela segunda vez, na penitenciária de Charkow
Nas declarações ao jornal alemão, Eugenia Timoschenko contou que sua mãe foi agredida com um murro no estômago pelo vice-diretor da prisão, quando estava a ser transportada para o hospital prisional.
"A minha mãe vai prosseguir a greve de fome, tentei convencê-la a interromper, porque a sua saúde já é muito precária, mas ela disse que não desistirá, até que o Governo em Kiev a autorize a ter o tratamento médico recomendado pelos médicos berlinenses", acrescentou Eugenia Timoschenko.
O ministro dos negócios estrangeiros alemão, Guido Westerwelle, já se mostrou "muito preocupado" com os relatos de maus tratos infligidos a Julia Timoschenko na prisão, exortando o governo ucraniano a aceder ao pedido para que seja assistida medicamente no estrangeiro.
Por seu turno, o comissário europeu para o alargamento, Stefan Fuele, pôs em causa o prosseguimento da cooperação entre a União Europeia e a Ucrânia, se o executivo de não mudar de atitude.
"A forma como Julia Timoschenko está a ser tratada é contra todos os princípios da parceria entre a União Europeia e a Ucrânia, e é uma nódoa negra para Kiev", disse o comissário ao semanário alemão Welt am Sonntag.
"Se a Ucrânia quiser celebrar o planeado acordo de associação com a União Europeia, tem de respeitar a lei e a democracia, e o Governo tem de dar provas de que as acusações de que está a mover são infundadas", acrescentou Fuele.
Westerwelle disse também em Berlim que os valores europeus "exigem o respeito pelos direitos fundamentais de reclusos", considerando os processos contra Timoschenko e ex-membros do seu governo "julgamento de fachada para calar a oposição".
Nas declarações ao Frankfurter Allgemeine, Eugenia Timoschenko saúdou ainda a decisão do presidente da Alemanha, Joachim Gauck, de cancelar uma viagem oficial prevista para este mês à Ucrânia, em protesto contra o tratamento que as autoridades locais têm infligido a Julia Timoschenko.
"Foi um sinal importante de apoio e solidariedade a toda a oposição e a todos os presos políticos, Alemanha é o país-chave para a Europa exercer pressão sobre a Ucrânia", sublinhou.
No mesmo contexto, a filha de Julia Timoschenko pediu a todos os políticos europeus que façam o mesmo que Gauck e recusem aparecer ao lado do primeiro-ministro ucraniano Viktor Janukowitsch, no decorrer do Campeonato da Europa de Futebol que começa em junho, na Ucrânia, por exemplo.
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