Rui Peralta
O afilhado negro dos Bilderberg
Coincidências
Existem coincidências na vida. De todos. Por exemplo o presidente Obama, na semana em que recebeu o Premio Nobel da Paz, em 2009, ordenou ataques aéreos sobre o Iémen, que resultaram em 63 vitimas mortais, 28 das quais crianças. Coincidentemente, quando Obama anunciou este mês que apoiava o casamento entre pessoas do mesmo sexo, na mesma semana aviões norte-americanos assassinavam 14 civis afegãos. São dois factores secundários (Premio Nobel e declaração de apoio aos casamentos homossexuais) em torno de um factor central (a guerra). Mas o passe de mágica dos mestres ilusionistas dos media foi o de fazerem esquecer o factor central (a guerra) e pôr toda a gente a falar dos factores secundários (o Premio Nobel e os casamentos gay).
As festas
Uma hora antes da sua declaração sobre o casamento gay, Obama efectuou uma operação de captação de fundos para a sua campanha presidencial, enviando mensagens onde declarava a sua posição. Na noite seguinte, já com todos os noticiários dominados pelas suas declarações, Obama compareceu a uma festa de levantamentos de fundos, em Los Angeles, na casa de um conhecido actor de cinema, onde estavam reunidos mais de 150 importantes nomes de Hollywood, que pagaram 40.000 USD para comparecer ao jantar festivo e Obama, contente, arrecadou um recorde de 15milhöes de USD para a sua campanha, posteriormente reforçados por mais outro tanto provindo de apoiantes gay e latinos de New York, que fizeram também uma festa de arromba.
O Partido Único sob a égide de Obama
Democratas e Republicanos são duas faces de um Partido Único, o partido do grande capital. Representam os diversos sectores da alta burguesia norte-americana (os bosses dos bosses) e simultaneamente são os responsáveis pelo empobrecimento da nação norte-americana. Obama é tão reacionário como o foi Bush, ou como o seu outro lado do espelho, o candidato republicano que é só para manter ocupada e dar mais uns cobres as fortes companhias de comunicação social yankees, pois Obama é o candidato de todo o Capital.
É um Premio Nobel da Paz expert em drones Hellfire, em operações cirúrgicas, secreta e de alta precisão e um grande ilusionista. Com a história da retirada parcial das tropas norte-americanas de ocupação do Afeganistão, Obama enviou forças para 120 países com a missão de treinarem grupos especiais. É um liberal que criou fortes medidas restrictivas á liberdade de imprensa (reparem no que se passou e passa-se com a WikiLeaks e Assange, por exemplo). É um pacificador que silenciou o movimento antiguerra, associado ao seu próprio partido (ou melhor á sua facçäo alargada, os democrata, dentro do regime de partido único encapuçado que vigora nos states). É um astuto operador amoral que joga com a cor da pele e que acha natural as manifestações do Tea Party (o núcleo mais fascizante da facçäo republicana do partido único), mas um atentado á população citadina o movimento do Occupy.
Bradley Manning
Entre os bajuladores endinheirados de Obama, os seus gays ricos a quem recorreu para uma ajuda na campanha, não se ouviu nenhuma voz que tivesse chamada a atenção para o que se passou com Bradley Manning, que foi caluniado por Obama e pelo seu vice pelo facto de ser gay e por ter fornecido informação á WikiLeaks. Bradley, um soldado norte-americano, gay, alegadamente proporcionou á WikiLeaks uma grande quantidade de provas sobre actividades criminosas norte; americanas no Iraque e no Afeganistão. Obama e Biden acusaram-no publicamente de traidor e caluniaram a sua “anormal homossexualidade” (para usar as palavras de Obama) como sendo o motivo que o levaram a fornecer as provas á WikiLeaks.
É no mínimo de estranhar, para além de uma enorme hipocrisia, que nenhum dos porta-vozes dos direitos dos homossexuais, apoiantes de Obama, tenha-se manifestado sobre esta contradição, deixando passar em branco, como sendo uma recordação para apagar, as acusações e a campanha de calunias que o presidente da sede imperial, no seu imenso poder, moveu a um cidadão gay, que teve a coragem de assumir a sua cidadania e participar na luta por uma sociedade mais justa e livre, no fundo, a coragem de assumir os ideais que levaram á independências dos USA, nos tempos idos da Revolução Americana, em que a guerra era de libertação e o inimigo o imperialismo.
(Será que o afilhado negro dos Bilderberg leu essa parte da História?)
Fontes
Washington Post; 09/05/2012;
Associated Press 11/05/2012;
Sem comentários:
Enviar um comentário