domingo, 20 de maio de 2012

“O MAIS TRANSPARENTE EM TIMOR-LESTE É A CORRUPÇÃO” – Mari Alkatiri



TVI24

Líder da oposição, Mari Alkatir, defende investigação profunda, num dia em que o país celebra 10 anos de existência

O primeiro-ministro e o líder da oposição de Timor-Leste, Xanana Gusmão e Mari Alkatiri, fizeram balanços distintos da situação do país, no dia em que se comemoram os 10 anos da restauração da independência.

De acordo com a Lusa, à margem das cerimónias do décimo Aniversário da Restauração da Independência de Timor-Leste, que foram acompanhadas pelo Presidente da República português, Cavaco Silva, Mari Alkatiri criticou o modelo de desenvolvimento do país, assente em «economia especulativa», disse que o dinheiro do petróleo está a ser mal gasto e aponta uma «corrupção galopante» no país.

Pelo contrário, Xanana Gusmão considera que o povo está satisfeito e, apesar de reconhecer que existe muito trabalho a fazer, diz que seria difícil exigir mais a um Estado democrático tão recente.

«O povo continua marginalizado na sua maioria, temos Díli e depois as zonas periféricas onde a pobreza grassa (...), a inflação é galopante e, embora se fale em crescimento económico de 12 por cento, é um crescimento que é não saudável, não gera emprego, só gera consumismo barato», lamentou Mari Alkatiri, no final da cerimónia de inauguração do Arquivo e Museu da Resistência timorense.

O dirigente da FRETILIN disse ainda não ter dúvidas de que o dinheiro proveniente do fundo de petróleo «está a ser mal gasto» e tem servido mais para especulação do que para desenvolver a economia, apontando a existência de uma «corrupção galopante» na sociedade timorense.

«Este é um país pequeno, somos vizinhos uns dos outros, alguns antes de serem ministros ou diretores-gerais não tinham nada em casa, hoje têm tudo», diz, defendendo uma investigação profunda neste campo. «O mais transparente em Timor é a corrupção».

Já o primeiro-ministro Xana Gusmão reconhece que foram dez anos difíceis, mas defende que Timor-Leste soube reconhecer e corrigir os seus erros.

«Hoje o que nos alimenta é continuar a consolidar as instituições já criadas e ter uma visão mais larga do desenvolvimento do país», disse, destacando a calma com que decorreram as cerimónias comemorativas do aniversário e a tomada de posse do novo Presidente da República, Taur Matan Ruak, empossado esta madrugada.

«Creio que sim [que o povo está satisfeito], não podemos exigir mais nesses curtos anos de construção do Estado», afirmou, apontando o desenvolvimento económico como a prioridade para os próximos dez anos.

Para Xanana, que será recandidato nas eleições legislativas de julho, só o desenvolvimento económico pode melhorar a cobertura de saúde e educação e gerar mais emprego.

«Em política apostamos em programas, creio que a satisfação geral que estamos a reparar no povo pode indicar que povo assumiu o plano de desenvolvimento estratégico», apontou.

Já sobre o que esperam de Portugal, ambos concordam que a cooperação entre os dois países deve ser reforçada ao nível da língua portuguesa e Mari Alkatiri espera que mais empresas lusas possam investir em Timor-Leste.

«Foi muito mais fácil utilizarem caravelas e chegarem aqui há 500 anos atrás do que trazerem empresas», ironizou.

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