segunda-feira, 14 de maio de 2012

SERIFO NHAMADJO PROCURA PM INTERINO DA GUINÉ-BISSAU



Deutsche Welle, com foto

Enquanto a comunidade internacional continua a discutir sanções contra os autores do golpe, o presidente interino da Assembelia Nacional iniciou consultas para escolher um governo de transição para a Guiné-Bissau.

Serifo Nhamadjo, designado Presidente de transição da Guiné-Bissau numa reunião realizada na quinta feira (10.05.12) com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) mas não reconhecido pelo partido maioritário PAIGC, anunciou que iria prosseguir amanhã, sábado (12.05.2012) os seus esforços, no sentido de encontrar a personalidade ideal para o cargo de primeiro-ministro de um governo de transição. "As consultas com os representantes dos diversos partidos revelaram-se até agora infrutíferas", salientou, em conferência de imprensa, Serifo Nhamadjo, "mas os esforços serão prosseguidos neste sábado, a partir das 10 horas da manhã."

CEDEAO tenta pegar nas rédeas do processo

Recorde-se que é a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), quem apoia Serifo Nhamadjo. No final de uma maratona de reuniões entre a CEDEAO, partidos e militares da Guiné-Bissau, a organização regional propôs Serifo Nhamadjo para Presidente de transição (um ano), na sequência do golpe de Estado de 12 de abril.

Fonte ligada à CEDEAO alega que se tratou de uma escolha "em obediência estrita à Constituição" da Guiné-Bissau, segundo o seu artigo 71, salientando que "foi o que já se fez no passado, aquando a morte do Presidente Nino Vieira, ou mais recentemente de Malam Bacai Sanhá".

Governo deposto e PAIGC rejeitam colaborar

Entretanto continua a registar-se muita resistência contra a escolha de Serifo Nhamadjo, por parte da CPLP, da ONU e sobretudo do governo da Guiné-Bissau deposto no golpe militar. Este apelou ao secretário-geral das Nações Unidas que assuma a liderança do processo de transição no país, considerando que a CEDEAO não tem condições para continuar a fazê-lo.

Fonte do governo deposto apelou ao Conselho de segurança das Nações Unidas e ao secretário-geral, Ban Ki-Moon, que o processo "seja liderado pelas Nações Unidas, envolvendo outras organizações, como a União Africana, a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e a União Europeia".

Portugal prepara projeto de resolução do Conselho de Segurança

Portugal pretende uma "rápida" imposição de sanções do Conselho de Segurança aos militares golpistas na Guiné-Bissau, e deverá apresentar no início da próxima semana aos restantes membros do órgão da ONU um projeto de resolução com esse fim.

O embaixador de Portugal junto das Nações Unidas afirmou que, para já, o projeto de resolução contemplará apenas sanções individuais, e que um mandato do Conselho de Segurança para envio de uma força multinacional de estabilização continuará em aberto.

Juntamente com o Togo, o país formalmente responsável pelo "dossier" da Guiné-Bissau dentro do Conselho de Segurança, Portugal tem estado a preparar o projeto de resolução, que será apresentado aos restantes membros na segunda ou terça feira.

Angola também quer ONU a liderar o processo

Angola está disposta a revêr a posição de retirar os 270 militares que mantem na Guiné-Bissau caso haja uma resolução das Nações Unidas e lhe for solicitada colaboração numa futura força internacional, disse entretanto fonte governamental em Luanda.

Numa conferência de imprensa para apresentação dos resultados da governação no primeiro trimestre de 2012, o ministro de Estado e da Coordenação Económica angolano, Manuel Vicente, destacou que o anúncio da retirada da Missang, a missão de cooperação para ajuda à reforma dos setores de Defesa e Segurança guineenses, se deveu à falta de vontade das autoridades de Bissau.

Autores: Braima Darame (Bissau) / António Cascais - Edição: António Rocha

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