Liberal (cv)
Sob o silêncio da ministra da Educação
A rutura de stocks dos produtos alimentares está a impedir muitas escolas do ensino básico de garantirem uma refeição quente aos alunos e, no limite, socorrem-se da ajuda financeira dos pais, porque a FICASE tem-se manifestado incapaz de resolver o problema
Praia, 14 de Maio 2012 – Quem avança com a notícia é a edição de ontem da insuspeita edição online de “A Semana”: “Alunos sem refeição”, escreve em título o jornal do Palmarejo, anunciando que “Escolas do Ensino Básico Integrado (EBI) em todo o país estão com dificuldade para fornecer refeição quente aos alunos”.
É que a FICASE, responsável pela gestão das cantinas escolares, atingiu a rutura de Stocks, chegando-se ao ponto de, em algumas escolas, serem os pais (muitos deles no limiar da sobrevivência) a garantir o que, à partida, seria suposto ao Estado suportar. E, não fora isso, seguramente, muitas das crianças, que antes desta crise já não tinham uma alimentação adequada, estariam mesmo a passar fome. Ou seja, a não comerem nada.
A rutura da FICASE, segunda refere a “A Semana”, decorre da circunstância de a empresa que ganhou o concurso de fornecimento dos produtos alimentares – neste caso, o Palácio Fenícia -, estar sem stocks, não podendo por tal garantir a entrega do cabaz completo, comportando arroz, leite, óleo, carne, massa, açúcar e feijão.
A situação é tanto mais estranha quando, independentemente das dificuldades do fornecedor, a FICASE deveria ter um plano de contingência para atender ao melindre de uma situação como esta, garantindo permanentemente o fornecimento de refeições quentes para as nossas crianças que frequentam o ensino básico. E nem mesmo a ministra da Educação, Fernanda Marques, se dignou vir a público dar satisfações.
Mas o mais curioso é que, num tal cenário, nenhuma das entidades envolvidas no fornecimento de refeições quentes às escolas, assume as suas responsabilidades, nuns casos desvalorizando a situação, noutros alegando que está a ser resolvida.
Com os blocos operatórios do Hospital Baptista de Sousa fechados desde há quinze dias, por falta de fios de sutura e anestesias; com o Hospital Agostinho Neto durante vários dias sem garrafas de oxigénio; com a Electra e a TACV falidas e a engolir milhões (mal geridos) do erário público; com dezenas de empresas privadas já tendo declarado falência e muitas outras em situação de insolvência, o Governo continua a fazer de conta que não se passa nada, que a economia está blindada e que o País prossegue com a sua Agenda de Transformação. E a nova panaceia parece ser - da Saúde à Segurança, passando pela Economia - o “mapeamento da situação”, um alegorismo que, com rigor, quer dizer que não se resolve coisa nenhuma.
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