MSE - Lusa
Díli, 17 mai (Lusa) - O antigo dirigente da resistência timorense Leandro Isaac disse em entrevista à agência Lusa que, dez anos depois da restauração da independência de Timor-Leste, as pessoas estão livres, mas o povo não tem um dólar na mão.
"Hoje no interior do país o povo não tem um dólar na mão. Onde estão os biliões de dólares, os milhões que os líderes dizem, qual é essa riqueza que o povo não tem na mão?", questionou o antigo deputado do Partido Social Democrata timorense.
Leandro Isaac foi um dos políticos timorenses do Conselho Nacional da Resistência Timorense no terreno a organizar a consulta popular de 1999, que determinou o fim da ocupação da Indonésia no país.
Nos últimos anos esteve ligado ao major Alfredo Reinado, que desafiou as autoridades políticas e militares do país e morreu durante um atentado contra o Presidente da República, Ramos-Horta, em fevereiro de 2008.
"Falamos ao povo de igualdade e de justiça, que o povo não sente", salientou Leandro Isaac no balanço da última década.
Para o timorense, que se afastou da política e foi viver para as montanhas, há "muita coisa que já devia estar feita".
"Uma delas é a educação cívica. Não basta o 30 de agosto de 1999", dia da consulta popular, defendeu.
O antigo deputado mostrou-se preocupado com a falta de patriotismo, salientando que o sacrifício para se alcançar a independência.
"A independência não veio de bandeja. Nós conquistámo-la com muitas lágrimas, dos pais, das mães, principalmente, que perderam os filhos, os maridos, que perderam tudo na conquista da independência", disse.
Depois, acrescentou, o "sonho da independência, um mar de rosas" não se concretizou e "hoje muitos estão desiludidos com isso".
Mesmo assim, segundo Leandro Isaac, a independência foi conquistada e hoje os timorenses estão livres e a lutar "todos os dias para o bem-estar" do povo.
"Foi assim a promessa da independência, foi para trazer o melhor que os outros nos deram", afirmou o antigo deputado.
A consulta popular foi organizada pelas Nações Unidas, que administrou o país até 20 de maio de 2002, quando foi restaurada a independência de Timor-Leste.
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