Manifestante protesta na Cúpula dos Povos, evento paralelo que critica a oficial Rio+20 – foto Marcelo Casal Jr./ABr |
João Novaes, Rio de Janeiro – Opera Mundi
Jeremias Vunjanhe faria parte de painel contra atividades da mineradora Vale no país africano
O dia de abertura da Cúpula dos Povos, evento paralelo e crítico à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi marcado por uma nota de protesto por parte da coordenação do evento contra o veto à entrada no Brasil do ativista moçambicano Jeremias Vunjanhe. O jornalista é representante da ONG Justiça Ambiental e membro da Federação Internacional Amigos da Terra.
Tanto os representantes de sua delegação quanto a organização do evento afirmam que Vunjanhe foi deportado sem qualquer justificativa. Segundo os organizadores, ele possuía visto de entrada emitido pelas autoridades diplomáticas brasileiras em Maputo. Os organizadores confirmaram na noite desta sexta-feira, aproximadamente às 21 horas, que ele conseguiu regularizar sua situação e estaria voltando ao Brasil.
Vunjanhe foi impedido pela Polícia Federal de entrar no país em 12 de junho, em São Paulo. Ele participaria do III Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, que critica a atuação da empresa brasileira em Moçambique. A mineradora é acusada de desalojar, segundo a ativista Graça Samo, 40 mil famílias de agricultores de suas terras na região da província de Tete para terras de baixo cultivo e em moradias precárias.
Tanto os representantes de sua delegação quanto a organização do evento afirmam que Vunjanhe foi deportado sem qualquer justificativa. Segundo os organizadores, ele possuía visto de entrada emitido pelas autoridades diplomáticas brasileiras em Maputo. Os organizadores confirmaram na noite desta sexta-feira, aproximadamente às 21 horas, que ele conseguiu regularizar sua situação e estaria voltando ao Brasil.
Vunjanhe foi impedido pela Polícia Federal de entrar no país em 12 de junho, em São Paulo. Ele participaria do III Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, que critica a atuação da empresa brasileira em Moçambique. A mineradora é acusada de desalojar, segundo a ativista Graça Samo, 40 mil famílias de agricultores de suas terras na região da província de Tete para terras de baixo cultivo e em moradias precárias.
A Polícia Federal foi contatada por Opera Mundi mas ainda não enviou a resposta até as 21h desta sexta-feira. A assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores não confirmou a volta de Jeremias nem o pedido de desculpas. No início da noite, afirmou que mantinha contato com a PF para verificar o ocorrido e tentar viabilizar sua vinda, “sempre seguindo os trâmites legais”. “A ideia é que tosos os que foram convidados possam vir ao Rio", afirma a assessoria.
Povos indígenas
O dia inaugural teve como um de seus principais destaques a presença de povos indígenas que reivindicavam direitos não somente sobre a demarcação de terras, mas também por melhores condições de vida.
Para Edwin Vásquez, coordenador-geral da Coica (sigla em espanhol para Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica), os povos indígenas sul-americanos podem até aceitar a exploração de recursos naturais em suas terras, desde que a comunidade local obtenha o retorno, e não foque com a comunidade privada, como defendem, segundo ele, os princípios “da economia verde dos dólares”.
Ele também criticou os governos sul-americanos por recentes obras que atingiram as populações indígenas – e o fez com mais veemência ao governo do presidente boliviano Evo Morales, pela construção de uma estrada no Parque Nacional Tipnis, área de preservação e terra ancestral dos índigenas da região de Sucre. “Atrás dessa estrada virá a colonização, e em seguida, os principais aliados de Morales, os cacoleiros, seguidos pelos petroleiros e mineiros. Duzentos quilômetros do parque já foram destruídos, Não podemos permitir que eles continuem. Essa é a economia verde dos governos”, disse o líder indígena em uma coletiva com alguns dos coordenadores da Cúpula, que se reuniram para explicar os objetivos do evento à imprensa.
Povos indígenas
O dia inaugural teve como um de seus principais destaques a presença de povos indígenas que reivindicavam direitos não somente sobre a demarcação de terras, mas também por melhores condições de vida.
Para Edwin Vásquez, coordenador-geral da Coica (sigla em espanhol para Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica), os povos indígenas sul-americanos podem até aceitar a exploração de recursos naturais em suas terras, desde que a comunidade local obtenha o retorno, e não foque com a comunidade privada, como defendem, segundo ele, os princípios “da economia verde dos dólares”.
Ele também criticou os governos sul-americanos por recentes obras que atingiram as populações indígenas – e o fez com mais veemência ao governo do presidente boliviano Evo Morales, pela construção de uma estrada no Parque Nacional Tipnis, área de preservação e terra ancestral dos índigenas da região de Sucre. “Atrás dessa estrada virá a colonização, e em seguida, os principais aliados de Morales, os cacoleiros, seguidos pelos petroleiros e mineiros. Duzentos quilômetros do parque já foram destruídos, Não podemos permitir que eles continuem. Essa é a economia verde dos governos”, disse o líder indígena em uma coletiva com alguns dos coordenadores da Cúpula, que se reuniram para explicar os objetivos do evento à imprensa.
Pela manhã, diversas tribos indígenas se encontraram na plenária principal para dançar e celebrar tradições. Uma das presenças mais marcantes foi do cacique Raoni (foto acima), que ficou famoso durante a Eco-92. Ele pediu a união e luta de seus povos.
Outra atração do dia foi o discurso do teólogo Leonardo Boff, que criticou duramente o texto final que está sendo elaborado na Rio+20 pelos negociadores da ONU, que pretende ditar o rumo das políticas ambientais nos próximos anos, baseada na “economia verde”. Segundo Boff, o documento pode levar a humanidade ao abismo.
O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, compareceu ao evento para conhecer as instalações e, em discurso no MAM (Museu de Arte Moderna), localizado no Aterro do Flamengo, disse que a sociedade civil será ouvida no Rio+20, principalmente durante a segunda fase da Conferência oficial, entre os dias 16 e 19, que é reservada aos diálogos. Segundo o ministro de Relações Exteriores, o “Diálogos Sustentáveis” teve a participação de 50 mil pessoas através de uma plataforma online, reunindo mais de 1 milhão de propostas.
Problemas
O primeiro dia da Cúpula dos Povos sofreu com a falta de organização. A falta de mapas, placas de localização e indicadores com números nas tendas (algumas semi-acabadas) irritaram os visitantes, que se sentiam desorientados e tinham dificuldades de participar das palestras. Muitos eventos sofreram com a falta de público. Entre os dois extremos do Aterro do Flamengo, a reportagem de Opera Mundi encontrou apenas três mapas, grudados provisoriamente com durex, sendo que dois deles incompletos e outro virado de cabeça para baixo. Poucas tendas tinham numeração à vista. A assessoria alegou problemas de fornecimento.
Foi perceptível também o grande número de automóveis que circulava na ciclovia do Aterro. A Cúpula respondeu que apenas funcionários da prefeitura e integrantes da organização que transportam material pesado podem ter acesso ao local com veículos motorizados.
Muitos dos alojamentos prometidos pela organização para os ativistas não estavam prontos até o início da tarde. Segundo a assessoria, a confusão ocorreu porque uma parte dessas instalações será liberada apenas a partir de sábado (17/06), pois algumas instalações são escolares e ainda se encontravam em período letivo.
Outra atração do dia foi o discurso do teólogo Leonardo Boff, que criticou duramente o texto final que está sendo elaborado na Rio+20 pelos negociadores da ONU, que pretende ditar o rumo das políticas ambientais nos próximos anos, baseada na “economia verde”. Segundo Boff, o documento pode levar a humanidade ao abismo.
O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, compareceu ao evento para conhecer as instalações e, em discurso no MAM (Museu de Arte Moderna), localizado no Aterro do Flamengo, disse que a sociedade civil será ouvida no Rio+20, principalmente durante a segunda fase da Conferência oficial, entre os dias 16 e 19, que é reservada aos diálogos. Segundo o ministro de Relações Exteriores, o “Diálogos Sustentáveis” teve a participação de 50 mil pessoas através de uma plataforma online, reunindo mais de 1 milhão de propostas.
Problemas
O primeiro dia da Cúpula dos Povos sofreu com a falta de organização. A falta de mapas, placas de localização e indicadores com números nas tendas (algumas semi-acabadas) irritaram os visitantes, que se sentiam desorientados e tinham dificuldades de participar das palestras. Muitos eventos sofreram com a falta de público. Entre os dois extremos do Aterro do Flamengo, a reportagem de Opera Mundi encontrou apenas três mapas, grudados provisoriamente com durex, sendo que dois deles incompletos e outro virado de cabeça para baixo. Poucas tendas tinham numeração à vista. A assessoria alegou problemas de fornecimento.
Foi perceptível também o grande número de automóveis que circulava na ciclovia do Aterro. A Cúpula respondeu que apenas funcionários da prefeitura e integrantes da organização que transportam material pesado podem ter acesso ao local com veículos motorizados.
Muitos dos alojamentos prometidos pela organização para os ativistas não estavam prontos até o início da tarde. Segundo a assessoria, a confusão ocorreu porque uma parte dessas instalações será liberada apenas a partir de sábado (17/06), pois algumas instalações são escolares e ainda se encontravam em período letivo.
Leia mais
Sem comentários:
Enviar um comentário