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Mohammed Morsi é o novo presidente egípcio. O político derrotou o adversário Shafiq, ex-premiê de Mubarak, no segundo turno. País será governado por um islamita pela primeira vez.
Mohammed Morsi foi declarado neste domingo (24/06) vencedor das eleições presidenciais egípcias. De acordo com a comissão eleitoral, o candidato da Irmandade Muçulmana obteve 51,7% dos votos no segundo turno, pouco mais do que os 48,3% do ex-primeiro-ministro Ahmed Shafiq. Seguidores de Morsi reunidos na Praça Tahrir, no Cairo, comemoraram o resultado anunciado pela televisão.
Com a escolha de Morsi, o Egito será governado pela primeira vez por um islamita e civil livremente eleito para a presidência. Os quatro líderes anteriores, ao longo das últimas seis décadas, eram oriundos das Forças Armadas.
O porta-voz de Morsi, Ahmed Abdel-Attie, declarou que palavras não eram capazes de descrever a alegria neste "momento histórico". "Chegamos a este momento por causa do sangue dos mártires da revolução. O Egito dará início a uma nova fase de sua história", disse.
Vitória declarada
Após o segundo turno, realizado no final de semana anterior, ambos os candidatos – Morsi e Shafiq – afirmaram ter vencido as eleições. Inicialmente, os resultados seriam divulgados na última quinta-feira (21/06), porém queixas de fraude exigiram a análise por um painel de juízes e atrasaram o anúncio.
Neste sábado (23/06), milhares de seguidores de Morsi reuniram-se pelo sexto dia consecutivo na Praça Tahrir. Eles reivindicavam a vitória do candidato islamita e pediam que o Conselho Militar no poder voltasse atrás sobre decisões recentes como a lei que levou à dissolução do parlamento. Enquanto isso, no bairro de Nasr City, milhares de simpatizantes de Shafiq acenavam bandeiras.
Muitos egípcios apoiaram Morsi por verem nele alguém que finalmente pode livrar o país do antigo sistema do presidente deposto Hosni Mubarak. Os seguidores de Shafiq, por sua vez, consideravam sua eleição como a melhor maneira de combater os islamitas e restabelecer a ordem no país após um ano de protestos e crise econômica.
Sem carisma, porém vencedor
A falta de carisma não afetou a candidatura de Morsi. Durante a campanha eleitoral, o político de 60 anos – casado e pai de cinco filhos – mostrou-se cada vez mais confiante. Sem dúvida, ele também foi beneficiado pela popularidade da Irmandade Muçulmana.
Morsi saiu vencedor do primeiro turno com 24,7% dos votos. O rival Shafiq chegara perto, com 23,6%. No segundo turno, cerca de 13 milhões votaram em Morsi e 12 milhões em Shafiq. Quanto poder Morsi de fato terá permanece incerto, pois o Conselho Militar ainda comanda a política no país.
Um dos objetivos de Morsi anunciados antes das eleições é estabelecer uma relação "equilibrada" com os Estados Unidos, ameaçando renegociar o tratado de paz com Israel. Em Israel, o resultado anunciado neste domingo é motivo de preocupação, pois o país vizinho será agora governado por um antissionista declarado.
LPF/dpa/afp/lusa - Revisão: Roselaine Wandscheer
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