quarta-feira, 20 de junho de 2012

ERC delibera hoje sobre caso de alegadas pressões de Miguel Relvas sobre jornalista



APL (ER/NS) - Lusa, com foto

Lisboa, 20 jun (Lusa) - A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) vai hoje analisar e, eventualmente, aprovar uma deliberação relativa ao caso das alegadas pressões do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, sobre uma jornalista do Público.

O regulador esteve a trabalhar até ontem à tarde na deliberação final, de forma tentar alcançar a "maior consensualização possível" num texto que terá por base um relatório com cerca de 50 páginas, apresentado pelos serviços da ERC aos cinco membros do seu conselho regulador no final da semana passada, indicou à Lusa, o presidente da entidade, Carlos Magno.

A reunião ordinária do órgão máximo da ERC começa de manhã, mas os trabalhos podem arrastar-se para a tarde, até porque a reunião tem uma "agenda grande", indicou ainda Carlos Magno.

Uma primeira versão do documento esteve para ser discutida na semana passada, mas um conjunto de "novos dados" enviados à ERC pela editora de política do Público, Leonete Botelho, obrigaram o regulador a voltar a ouvir Miguel Relvas, e a produzir uma segunda versão do relatório, que os membros do conselho regulador já consultaram e vão hoje discutir e aprovar.

O Conselho de Redação do Público denunciou no dia 18 de maio ameaças do ministro Miguel Relvas sobre o jornal e sobre a jornalista Maria José Oliveira.

As alegadas ameaças, confirmadas pela direção do jornal e negadas por Relvas, incluiriam a divulgação na Internet de dados da vida privada de Maria José Oliveira e um boicote noticioso do Governo ao diário, caso fosse publicada uma determinada notícia.

A notícia em causa acabou por não ser publicada. A direção do jornal alegou que não havia matéria nova relevante relativamente ao último texto da jornalista sobre a matéria.

Em contrapartida, a jornalista defendeu que este segundo texto pretendia evidenciar "incongruências" nas declarações do ministro no Parlamento sobre o denominado "caso das Secretas".

O episódio abriu uma "brecha" nas relações entre a direção do diário e o Conselho de Redação, que considerou que havia matéria relevante que justificava a sua publicação.

O Conselho de Redação defendia também que as supostas ameaças do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares deviam ter sido divulgadas no Público, mas a direção do diário invocou que tal procedimento não constituía prática do jornal.

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