sábado, 16 de junho de 2012

Redução da pobreza em Angola é desafio para alcançar desenvolvimento sustentável



EL - Lusa

Luanda, 16 jun (Lusa) - A redução da pobreza em Angola mantém-se um dos desafios para alcançar o desenvolvimento sustentável num país com invejáveis índices de crescimento económico.

A luta contra a pobreza foi apontada como "prioridade total e absoluta", pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, num discurso recente, com que abriu os trabalhos do Comité Central do MPLA - partido no poder desde a independência de Angola, em 1975.

"Crescer mais e distribuir melhor" vai passar a ser a palavra de ordem do futuro executivo angolano, que sairá das eleições gerais de 31 de agosto, porque, segundo as Nações Unidas, dos cerca de 19 milhões de habitantes de Angola em 2000, 68 por cento viviam abaixo do nível de pobreza, enquanto 26 por cento viviam em pobreza extrema, com menos de um dólar por dia.

O combate à pobreza como pilar dos novos caminhos que se pretendem definir para o desenvolvimento mundial é um dos temas que estará no centro dos debates na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20 que entre 20 e 22 de junho reunirá em cimeira no Rio de Janeiro mais de uma centena de chefes de Estado e de governo.

Em Angola, o fim da guerra civil em 2002 permitiu que verbas destinadas ao sector da Defesa deixassem de ser prioritárias, tendo os chamados sectores sociais privilegiados passado a beneficiar de crescentes dotações orçamentais.

Em 2004 o governo angolano elaborou a denominada Estratégia de Combate à Pobreza (ECP), que pretende estabelecer compromissos para a redução acelerada e sustentada da pobreza até 2015.

Este plano identificou a guerra civil, a pressão demográfica, a destruição e degradação das infraestruturas económicas e sociais, o mau funcionamento dos serviços de educação, saúde e proteção social, a quebra muito acentuada da oferta interna de produtos essenciais, a debilidade do quadro institucional, a desqualificação e desvalorização do capital humano e a ineficácia das políticas macroeconómicas como causas da pobreza em Angola.

Problemas identificados em Angola, mas que constituem também o catálogo de problemas globais para que a Rio+20 pretende encontrar respostas, tendo como base o princípio do desenvolvimento sustentável.

País emergente com índices de crescimento próximos dos dois dígitos, Angola é atualmente o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana (1,7 milhões de barris diários), é ainda o quinto maior produtor de diamantes do mundo e o potencial de desenvolvimento agrícola é igualmente invejável.

Mas a má distribuição da riqueza continua a ser o principal obstáculo a que todos os angolanos beneficiem das riquezas do país.

"Chegou a hora de garantir uma vida mais digna a todos aqueles que necessitam de apoio, atenção e solidariedade", disse José Eduardo dos Santos na abertura da reunião do comité central do MPLA, em 13 de junho.

A primeira década pós-guerra civil foi marcada por investimentos ao nível das infraestruturas, embora sem reflexo assinalável na redução das assimetrias sociais.

José Eduardo dos Santos identificou como um dos "grandes desígnios nacionais" a "erradicação da fome, da pobreza e da doença, elevando o nível educacional e sanitário da população".

O desafio é imenso, e também imenso é o paradoxo chamado Angola quando a par da pobreza extrema, índices internacionais classificam Luanda como uma das cidades mais caras do mundo para se viver.

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