terça-feira, 24 de julho de 2012

Amigos de Malangatana defendem a inventariação da obra espalhada pelo mundo



MMT - Lusa

Maputo, 24 jul (Lusa) - A Fundação Malangatana e amigos do falecido pintor moçambicano defendem a inventariação da sua obra espalhada pelo mundo e a publicação dos desenhos feitos em guardanapos que estão com todos os que lhe pediram uma lembrança.

Malangatana, falecido no ano passado, foi pintor, ceramista, ator, dançarino e poeta, com obra reconhecida em todo o mundo, mas tinha o hábito de fazer desenho livre em guardanapos para amigos, conhecidos e qualquer pessoa que lhe pedisse um autógrafo.

Na segunda-feira foi lançado, em Maputo, uma brochura intitulada "Painéis e Murais de Malangatana", escrita por personalidades das letras e artes de Moçambique que lembram a sua relação de amizade com o artista plástico.

Mia Couto, José Forjaz, Luís Bernardo Honwana, Júlio Navarro, Manuel Soeiro, Calane da Silva, Silvério Sitóe, Jorge Dias, Filimone Meigos são alguns dos amigos cujos textos constam da brochura lançada por iniciativa da cônsul de Portugal em Maputo, Graça Gonçalves Pereira.

No caderno agora publicado, o escritor moçambicano Mia Couto lembra que "Malangatana produziu tanto em vida que ficou sem a morte", e, por isso, Mutxini Malangatana, filho do artista, lançou "um desafio a todos para ajudarem na catalogação da obra de Malangatana espalhada pelo mundo, visando a sua conservação".

"Essa é a nossa preocupação como família (de Malangatana). Não temos capacidade de fazer isso sozinhos. Há obras que já não nos pertencem, mas pertencem a outras pessoas", disse o responsável pela Fundação Malangatana.

Mutxini Malangatana mostrou-se "profundamente preocupado e triste", por exemplo, com o estado de conservação do mural construído, em 1972, na Casa da cultura da Beira, no centro do país, intitulado "Vovô Espangara está zangado".

A zanga da Vovô Espangara, nome de um populoso bairro suburbano da cidade da Beira, é retratada num mural plantado no auditório da casa de cultura "em direção à baixa da cidade no mesmo sítio, à margem do Chiveve, este braço de mar que parece amaldiçoar os beirenses", lembra no folheto o poeta moçambicano Filimone Meigos.

"Deve haver uma exposição dos guardanapos porque muitos de nós têm desenhos feitos por Malangantana" nestes toalhetes, defendeu Jamisse Taímo, quando contava a sua relação com o "Artista pela Paz", nomeado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em 1997.

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