terça-feira, 24 de julho de 2012

Diretor de segunda maior barragem do país alerta para níveis de mercúrio na água



AYAC - Lusa

Chimoio, 24 jul (Lusa) - A poluição da água por mercúrio, em resultado do garimpo excessivo, é cada vez mais visível na albufeira de Chicamba, o segundo maior lago artificial em Moçambique, disse hoje o diretor do empreedimento hidrolétrico local.

A barragem adjacente à albufeira, de onde é captada e distribuída água para três municípios de Manica, no centro do país, tem vindo a sofrer problemas na sua estrutura, devido à oxidação do equipamento.

"O mercúrio é notório na albufeira e evidencia-se com o enferrujamento das máquinas da hidroelétrica (a segundo maior do país), em resultado da atividade de mineração artesanal", denunciou Sérgio Sacama, diretor da Hidroeléctrica de Chicamba, durante uma visita da governadora provincial, Ana Comoana.

Os últimos resultados laboratoriais, encomendados, em 2009, pelo Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG) em Inglaterra e Holanda, resultaram negativos quanto à contaminação da água por mercúrio, mas, desde então, os garimpeiros continuaram a lavar o ouro com recurso ao metal, nos rios que desaguam na albufeira.

"Os resultados das últimas amostras (de monitoria) da água foram negativos. Há turvação da água na barragem sim, mas não há contaminação por mercúrio. O excesso da lama tem impedido a respiração da terra e por isso tem reduzido a quantidade de peixe", disse hoje à Lusa Monica Ponguane, representante do Instituto Nacional de Inspecção de Pescado (INIP), em Manica.

A extração desregrada de ouro tem concorrido para a poluição de seis rios, incluindo o principal, cuja confluência forma a albufeira, situação ameaça o ambiente e a saúde pública das comunidades, que dependem do peixe e água destes cursos de água para o consumo e agricultura.

"O mercúrio poderá afetar a saúde da população, porque se, o peixe ficar contaminado, a saúde da comunidade estará em jogo", alertou Fátima Reis, do setor de Tecnologia e Inspecção do Instituto Nacional de Desenvolvimento de Aquacultura, que depende dos rios para dinamizar a piscicultura.

Ambientalistas em Manica preveem uma catástrofe ecológica e ambiental se não se travar com urgência o problema, sobretudo da poluição da barragem.

As autoridades governamentais estão preocupadas com a crescente redução do caudal da água na albufeira de Chicamba, que chegou a 20 metros de altura, devido à falta de chuva.

A situação obrigou os gestores da empresa pública Eletricidade de Moçambique (EDM) a encerrarem comportas de descarga.

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